quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ausência, desculpas e promessas

Se alguém ainda acompanha isso aqui (ou seja, ninguém, porque mesmo que acompanhe, não tem o que ver há 3 meses), desculpe.

Desculpas que nada, faço isso porque gosto, não ganho nada aqui. Gostaria, mas não ganho.

Vou tentar atualizar muitas coisas em um post só. Muitas coisas!

A começar, como dito no post anterior (de muito tempo atrás) o motivo de eu andar (muito mais, agora) sumido daqui é porque estou estudando e trabalhando. Sendo que, no meu tempo livre (menor, agora) eu tenho outras prioridades. Muitas deles envolvem minha internet lentíssima e a demora de fazer algo com ela.

Mas deixando o mimimi pra lá, eu já havia comentado o que faço no meu trabalho (ou estágio, como preferir me rebaixar). O programa que dirijo, Infosônica, demorou, mas saiu da fase de piloto, e conta, atualmente, com dois programas publicados e mais dois que serão publicados ainda esta semana (até porque ela é a última semana antes das minhas merecidas férias; aleluia!).

O programa é sobre assuntos diversos, com um enfoque em histórias e no lado humano dos entrevistados. É, ainda, um programa informativo, com um viés jornalístico, mas muito menos quadrado e focado só em conteúdo. São histórias e situações de pessoas sobre diversos assuntos. Caso esteja curioso (e caso não esteja também), o programa piloto é sobre Repúblicas Estudantis, e você pode ouvi-lo clicando no link. O segundo programa é sobre Transportes Públicos.

Os programas que virão a seguir são sobre Adoção de Animais e Profissionais que Trabalham Durante as Festas de Fim de Ano. O programa (assim como a Rádio Sônica) é integrado ao Rudge Ramos Online, com parceria do UOL.

Além de dirigir este programa, faço produção em outro programa da Rádio também. O Esporte 10 tem direção de Mariana Consolaro e eu faço o quadro Você Sabia, com curiosidades e bizarrices esportivas. Se quiser acompanhar os programas e meus quadros, aqui estão as edições desde quando comecei a participar, um programa antes da Mari assumir o comando (mas nada lhe impede de conferir os anteriores): programas 10 (sem eu no meu quadro, apenas produção do quadro do Pan-Americano), 11, 12, 13, 14 e, em breve, o 15º e último do ano.

Essas são minhas novidades do trabalho. Eu ia usar o mesmo post para falar das novidades acadêmicas também, mas percebi que este já está deveras grande. E o assunto merece um post único e especial. Afinal, o post sobre esse assunto deve ser... menor!

Em breve vocês entenderão.

Eu fico por aqui, por enquanto, e prometo (ou não) aparecer mais durante as férias. Se eu não aparecer, volte para o seu blog favorito.

[Atualizado com o link dos dois últimos Infosônica e do último Esporte 10]

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mudanças são bem-vindas

Você deve ter percebido (eu espero que você tenha percebido) que estou a mais de um mês sem postar nada aqui. Vamos colocar as coisas em pratos limpos.

O motivo dessa ausência é o seguinte: comecei a trabalhar. Sim, eu, esta pessoa que vos fala (ou vos escreve; considerem minha licença poética), que pensava que esse dia nunca iria chegar, se vê diante da labuta.

Aliás, os dois últimos posts foram escritos no meu tempo ocioso no trabalho, mas isso está se tornando cada vez mais difícil de acontecer.

E não tenho mais todo o tempo necessário para fazer o que eu fazia em 95% do blog: comentar filmes. Mas, esperto como sou, já havia pensado nisso na criação do blog e de seu nome, que faz um trocadilho com uma expressão de internet e com meu apelido (que é meu nome, na realidade, em seu formato abreviado).

Ou seja, o blog leva meu nome. Ele é maleável, ele se ajusta aos problemas. Ele é sobre mim. Quanto aos filmes, eram minhas opiniões. Não há mais tempo para isso? OK, vamos arrumar outros assuntos, mais práticos.

E vou aproveitar o egoísta tema "eu" e vou lhes contar um pouco mais. Meu trabalho, como quase todo aquele que está em uma faculdade e vai começar no mercado de trabalho, é um estágio. Sim, sou um estagiário.
A faculdade que faço é de Radialismo, conhecida por alguns como Rádio e TV e por outros como "O que é isso?". É uma área extremamente interessante (óbvio, senão já tinha trancado). Pense que, a cada programa que você vê ou ouve, na televisão ou no rádio, ou até no cinema mesmo, somos nós, radialistas, que fazemos. Sim, imagine seu mundo sem nós, talvez não fosse mais o mesmo, hein?

Minha faculdade é a Metodista, e meu estágio também. Mais especificamente, na Redação Multimídia da faculdade, que abriga também a Rádio Sônica. Aí você se pergunta: "Redação? Não é lugar de jornalista?". E eu lhe respondo: "Você leu o que escrevi acima? Quem é que grava os tele e radio jornais?".

Mas (se você não leu, de novo) temos uma rádio também, que é a parte mais legal de todas. Podemos criar programas, o que é muito interessante, divertido e educativo, claro. Eu, por exemplo, sou o diretor do novo programa, Infosônica, que está em fase de apresentação de piloto, e quando ficar pronto divulgarei aqui.

E é basicamente isso, uma explicação (resumida) do porquê de não ter aparecido mais por aqui. Provavelmente, o blog entrará mais na linha desse post mesmo. Gostou, continue sintonizado. Não gostou, sou educado e não lhe mandarei catar coquinhos na esquina e empilhá-los em uma ladeira.

E, mesmo assim, para quem gostava de como era, aqui estão os filmes que assisti desde a última postagem:

  • Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, 2011)
  • Capitão América - O Primeiro Vingador (Captain America - The First Avenger, 2011)
  • Super 8 (Super 8, 2011)
  • Professora Sem Classe (Bad Teacher, 2011)
  • Lanterna Verde (Green Lantern, 2011)
  • Duelo de Titãs (Remember the Titans, 2000)
E é isso. Talvez eu crie espécies de "quadros" (usando linguagem radialista para você!) para ficar mais dinâmico, e para comentar rapidamente uma série de filmes de forma rápida e outras cositas más.

Obrigado pela preferência, e até o próximo post. Por que? O blog é meu. Ele é muito meu, tchau pessoal.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo

Fui assistir a esse filme totalmente por acaso. O acaso é que a sessão de Harry Potter, a qual eu fui para assistir pela terceira vez, esgotou. O que tinha para ver de imediato era esse filme, e não é que ele me surpreendeu, de certo modo.


Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo (2011)
Direção: Hugo Carvana
E depois de ver o filme eu descobri que, sim, eu já havia visto um filme de Hugo Carvana. E como sempre nessas ocasiões, a comparação será inevitável.
Pai e filho, ambos atores e o primeiro trambiqueiro, rodam o Ceará com seu espetáculo. Até o dia em que uma mulher contrata os serviços do filho para se passar por um guru no Rio de Janeiro, para ganhar muito dinheiro.
A história é interessante em si. Tenho certeza que já a vi em algum outro lugar, mas enfim, não é mais batida das histórias, e acho que é possível ver uma nova versão disso. Afinal, se bem trabalhado, um filme sobre trambiques e golpes sempre será interessante.
Os atores do filme que dão toda a veracidade à história. Gregório Duvivier é um bom ator, e um bom improvisador também. Ele vem de uma peça de improviso no teatro, é esperado que ele saiba fazer isso. Seu personagem é bem trabalhado e ele o interpreta muito bem, e ainda consegue arrancar algumas risadas quando seu personagem se transforma em Bob Savanandra, o guru indiano que vem dar um workshop no Brasil. Na verdade, o verdadeiro Bob foi preso nos Estados Unidos, e a personagem de Flávia Alessandra, relações públicas de uma empresa que está construindo no Ceará, contrata Lalau para que ele se passe pelo guru, a fim de não tomar uma multa gigantesca. Herson Capri e Ângela Vieira estão bem em seus papeis também, como o casal dono da empresa.
Eu acho que o grande destaque do filme é Tarcísio Meira e seu personagem Ramon Velásquez. Golpista de longa data, personagem do espetáculo de stand-up comedy de seu filho Lalau Velásquez e um grande ator. Ele é uma síntese de um grande aventureiro e um artista. Seus bordões durante o filme definem o que é o personagem: "eu fiz uma cagada" e "não se preocupe, nada vai dar certo". Um bon vivant que cria espetáculos pelo simples prazer do espetáculo. O número de "personagens" que ele interpreta durante o filme mostra sua competência e sua dedicação, usando-os no dia a dia para se livrar (ou entrar) em situações diversas.
Quanto ao filme anterior de Hugo Carvana, Casa da Mãe Joana, lembro de o ter assistido no cinema e ter achado muito regular. Tinha atores muito bons, do nível de Paulo Betti e José Wilker, mas se propunha a ser uma comédia normal, sem muitas inovações. Tendo visto somente esse seu filme antes, não posso comentar sobre uma possível melhora como diretor, mas Não Se Preocupe é melhor que Casa da Mãe Joana.
E, no final das contas, esse filme é uma grande homenagem aos atores mesmo. O mentor de Lalau, após interpretar um padre para o golpe de Ramon, diz que não fez pela grana, mas sim pelo prazer de votar a interpretar. Assim como ele tinha dito em uma cena anterior, como Ramon passa falando o filme inteiro. Não é a toa que o final do filme é teatral, ele tem o foco nos profissionais que o formam na frente dos palcos. E das telas, também, obviamente.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cilada.com

Adaptar uma série de TV para um filme de longa-metragem é sempre uma tarefa perigosa. O problema é quando esquecem que os dois formatos são diferentes e precisam de abordagens diferentes.


Cilada.com (2011)
Direção: José Alvarenga Jr.
E o descrito acima se aplica aqui. O mesmo formato da televisão foi passado para o cinema. E não era para isso ter acontecido.
Bruno fica bêbado e trai sua namorada em uma festa. Para se vingar, ela coloca na internet um vídeo dele em um péssimo desempenho sexual. Então ele tenta reverter a situação e ganhar sua dignidade de volta de vários jeitos possíveis.
Bruno Mazzeo é um ótimo comediante. O seriado Cilada - mesmo eu tendo visto muito pouco dele - é muito engraçado e, de certo modo, inovador. Escrevendo comédia desde que tinha 19 anos, e sendo filho de Chico Anysio, humor é algo que ele realmente sabe fazer.
Mas parece que, ao pensar no filme, ele estava pensando no seriado. Digo isso porque o filme não tem uma história que caiba em um longa-metragem, ele é todo formado por diversos esquetes cômicos que, juntas, formam uma espécie de coletânea. São várias cenas engraçadas, mas que estariam muito melhores sendo exibidas na televisão, uma de cada vez. Um longa-metragem não pode ser composto de várias partes quase independentes - a não ser que o filme seja sobre esquetes.
Quanto ao elenco do filme, ele é composto por vários comediantes bons, que seguram o filme durante todo o tempo. O já citado Bruno Mazzeo, roteirista e protagonista, é muito engraçado. Um dos grandes talentos do nosso humor, e que por algum motivo sempre me lembra do Jemaine Clement, do Flight of the Conchords (banda e série). Fernanda Paes Leme faz a namorada traída de Bruno, e está muito bem. Serjão Loroza faz o Marconha, e é engraçado em doses homeopáticas, o que o filme respeita, aliás. E, como o filme tem essa estética de esquetes, muitas pessoas surgem durante toda a produção.
Mas sim, o filme é engraçado. Há várias cenas em que a risada surgirá. É como se você estivesse assistindo várias cenas distintas conectadas por um motivo em comum. Pode não ser a narrativa perfeita, nem o roteiro perfeito, nem a direção perfeita, nem a fluência perfeita, mas é um filme que você pode se sentar e relaxar e curtir sem se preocupar com nada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Tive que dar um tempo para tudo se assentar na minha cabeça, para analisar tudo de uma forma mais profunda. É difícil acreditar que finalmente terminou a saga, que ela teve um fim. Assisti ao filme quinta-feira e começo a escrever esse texto na terça-feira seguinte para poder conciliar tudo e transpor isso nesse texto. Não posso acreditar que tudo acabou.
PS: assisti ao filme mais uma vez, e aproveitei para segurar a publicação do post e acrescentar umas coisas a mais. E durante esse tempo, o filme já passou de um bilhão de dólares de bilheteria no mundo inteiro. Uma marca impressionante que é muito merecida.
E desde aqui aviso que, se você por acaso não tenha lido os livros ou vistos os filmes, este texto está cheio de spoilers. Afinal, dei tempo o suficiente para escrever isso e você poder assistir.


Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2, 2011)
Direção: David Yates
Esse filme é excelente! Falando sério, fora da visão de um fã de Harry Potter, esse filme é um dos melhores de todos os filmes da saga. E não só da saga, mas é um ótimo filme comparando com qualquer outro.
Na segunda parte de Relíquias da Morte, Harry precisa correr contra o tempo e encontrar as Horcruxes restantes para poder impedir Lord Voldemort, que está de posse da poderosa Varinha das Varinhas e mais perto de alcançar seus objetivos.
Eu vou ter que dividir esse texto em duas partes distintas: vai haver a hora em que vou elogiar todos os aspectos do filme (porque todos merecem elogios) e vai haver a hora em que vou criticar os pequenos momentos em que acredito que o filme escorrega, tanto do ponto de vista de quem não conhece a saga quanto de quem conhece. E vou começar com essa parte, para que a leitura, depois, termine mais positiva.
Como conhecedor e grande fã da série, posso apontar algumas diferenças entre filme e livro que afetaram o entendimento da história. É claro que, mesmo dividindo o livro final em duas partes, é impossível colocar todo o conteúdo desse livro em um filme, não apenas por questões de tempo, mas por necessidades e limites de cada mídia. Porém, algumas situações me deixaram pensando se todos realmente entenderam o que houve naquele momento. As pessoas aceitam, obviamente, por se tratar de um mundo fantástico sendo representado, e não fazem por mal, mas sim por não lhe mostrarem a verdadeira resposta.
Um dos problemas que eu percebi, começando com um menor, é que eu não lembro (corrijam-me se eu estiver errado), em nenhum momento da série inteira, de mencionarem que Snape foi o Comensal da Morte que ouviu a metade da profecia de Trelawney sobre o garoto que teria o poder de derrotar o Lorde das Trevas e que foi ele quem contou essa parte a Voldemort. Sendo assim, ele causou a morte de sua própria amada. Acrescentaria muito ao filme se essa pequena informação estivesse presente, daria muito mais complexidade ao já fabuloso personagem que é Severo Snape nos filmes. Não fez falta para se entender a história, mas seria interessante ver isso no filme.
Outra exclusão que me deixou chateado foi toda a história de Dumbledore. O livro A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore está no filme, mas nada dele é explorado. Não é contada a história do jovem e ambicioso Dumbledore, dos seus tempos de Hogwarts e de sua amizade com Grindelwald, com quem pretendia se unir para acharem as Relíquias da Morte e serem muito poderosos, com quem se desentendeu, pois cada um queria seguir seu próprio caminho, e como esse desentendimento levou a um duelo entre eles e Aberforth Dumbledore, onde um feitiço ricocheteado, não sabe-se de quem, matou Ariana Dumbledore, a instável e doente irmã de Alvo. Não há menção de nada disso nos filmes a não ser aparições de Aberforth e do quadro de Ariana. Não se conta que a poção na caverna da Horcrux do final de O Enigma do Príncipe causou tanto sofrimento a Dumbledore porque ela lhe fez rever o dia do terrível acidente, e como ele se sente culpado até hoje. Infelizmente toda essa história genial teve que ser deixada de fora por motivos como tempo e, também, por ser difícil transpor para as telas uma história que, nos livros, é apenas contada. Mas, como disse no texto sobre X-Men: Primeira Classe, o relacionamento de Dumbledore e Grindelwald foi muito parecido com o que foi de Charles Xavier e Erik Lehnsherr, vale a pena ver o filme se você não quiser ler o livro.
Deixando os dois maiores problemas para o fim, outra coisa que me incomodou foi o modo como Harry achava as Horcruxes restantes. Ele simplesmente sentia Voldemort pensar nelas e sabia o que eram, ou sentia elas no lugar em que elas estavam. Achei um jeito muito preguiçoso para corrigir o que não foi contado nos outros filmes em relação à criação dos objetos. Harry está quieto, dá uma dor de cabeça e ele sabe o que fazer. Isso é Felix Felicis e não caça às Horcruxes.
Em relação aos objetos coadjuvantes da história - as Relíquias da Morte - comentarei. Tudo bem com a Pedra da Ressurreição, acredito que seria informação demais dizer que ela é a pedra do anel Horcrux que Dumbledore destruiu. Ela apareceu e todos entenderam. Mas não dizer que a capa de Harry é a Capa da Invisibilidade das Relíquias foi um detalhe que escapou, poderia muito bem estar lá. Como a história nos filmes revolve muito mais em cima do descobrimento e a maravilha da magia (coisa que David Yates ajudou a diminuir e comentarei depois), as coisas geralmente apareciam para que você achasse aquilo muito legal e então elas sumiam. Nos filmes, nunca é mostrado que existem outras capas, e que todas elas são falhas, tirando a de Harry, que sobrevive intacta por séculos. Nesse contexto, seria bem difícil explicar que a de Harry era uma Relíquia. Um detalhe que seria interessante.
Um problema muito grande que encontrei foi o destino da Varinha das Varinhas. Harry simplesmente a quebra, com as mãos, tão fácil quanto um graveto. Não, isso não pode acontecer! Ela é a varinha mais poderosa que existe, não poderia ser tão fácil quebrá-la. No livro, Harry a enterra, muito mais lógico. E pior ainda, a varinha de Harry foi quebrada, e varinhas não podem ser consertadas. No livro, Harry usa todo o poder da Varinha das Varinhas para consertar sua própria, mas no filme ele não faz isso. E então, ele fica sem varinha para sempre? Simplesmente compra outra que não é a que combinava com ele? Esse era um detalhe importantíssimo que acabaram deixando de lado.
E o último problema, tão importante quanto este último, é sobre o limbo onde Harry vai depois de morrer. É uma cena magnífica, mas que faltou um detalhe: Dumbledore não explica que Harry tem a opção de voltar à vida porque Voldemort usou o sangue de Harry para voltar a ter um corpo, o que fez com que somente Voldemort pudesse matá-lo e que ele mantinha um pedaço de Harry em vida (assim como Harry também mantinha um pedaço de Voldemort em vida), portanto ele não poderia realmente morrer. Um detalhe de extrema importância que não poderia ser deixado de fora. Pessoas que não leram os livros e não conhecem a história podem ficar se perguntando o que aconteceu, o que era aquilo tudo e porque Harry realmente não morreu, o que pode gerar especulações diversas e erradas.
Mas, por favor, tudo isso em cima foi apenas o desabafo de uma pessoa que é muito fã da saga. Eu tive que fazer isso. O filme é realmente excelente e vale muito a pena ser visto e revisto e visto novamente. Para tentar me redimir, vou falar sobre todas as qualidades do filme, que é tudo, praticamente.
A começar pela adaptação da história, que conseguiu adaptar brilhantemente às telas do cinema o livro (ou metade do livro) de J.K. Rowling. A história tem seus próprios momentos enquanto se mantém extremamente fiel à história original. A ideia de dividir o filme foi ótima, e permitiu que a história fluísse muito bem. Melhor, por exemplo, que em Harry Potter e o Cálice de Fogo, onde muito teve que ser cortado do filme e pareceu um pouco corrido.
E se juntando a esse roteiro muito competente de Steve Kloves, estão todos os outros aspectos técnicos do filme. A direção de David Yates me agrada desde que ele entrou para a franquia, no quinto filme. Ele adiciona um subtexto político como poucos, e se concentra em personagens ao invés de efeitos. Efeitos que, neste filme, estão soberbos. A magia nunca pareceu tão real, você sente o impacto dos feitiços e fantasia vira realidade. Destaque para o dragão de Gringotes, espetacular. Os efeitos visuais seriam uma de minhas apostas para indicações ao Oscar. Outro fator incrível deste filme e de todos os outros da série, que inclusive concorre frequentemente ao Oscar de Direção de Arte, são os cenários e sets, todos produzidos por Stuart Craig desde o primeiro filme. Desde sempre os cenários e localidades de Harry Potter são excelentes, um dos melhores do cinema atual, e já deveriam ter ganhado um Oscar. Mais coisas que eu gostaria que concorressem é a fotografia do filme, o habitual tom escuro que há desde que Yates assumiu, combinando principalmente com esse final de guerra e perdas. A trilha sonora criada por Alexandre Desplat também é espetacular, e é ótimo ver como ele utiliza, em certos momentos, a Hedwig's Theme, a trilha sonora clássica que John Williams compôs para o primeiro filme, em destaque quando Harry chega a Hogwarts e é recebido com palmas ao som da trilha. E toda essa vontade de indicações é para que Harry Potter finalmente leve um Oscar para casa, coisa que ainda não pudemos ver realizada.
Mas o que seria de um filme sem atores à altura, e isso sempre esteve presente na série. Começando com o trio principal, que evoluíram muito como atores e profissionais. Daniel Radcliffe já carrega Harry nas costas; Rupert Grint cada vez mais tira a imagem de alívio cômico de Rony Weasley, apesar de continuar engraçado; e Emma Watson cria a personalidade de Hermione exatamente como deve ser, a bondosa sabe-tudo. Mas a saga conta com praticamente todo ator inglês que se preze nos créditos. E uma forma de mostrar que Harry Potter é a maior saga do cinema é ver que todos esses atores e atrizes excelentes estão lá para, na maioria das vezes, fazer uma pequena ponta ou participação, mostrando um claro respeito à obra. E a lista é extensa, contando com Gary Oldman, Ciarán Hinds, Maggie Smith, Michal Gambon, David Thewlis, Brendan Gleeson, Jason Isaacs, Helen McCrory, Robbie Coltrane, Emma Thompson, Jim Broadbent, David Bradley, Natalia Tena, Warwick Davis, Kelly MacDonald, Julie Walters, Mark Williams, John Hurt, Bill Nighy, Imelda Staunton e muitos outros atores respeitados, ajudando a compor esse mundo de magia. Além é óbvio, do talento das (ex-)crianças, como Matthew Lewis (que ganha muito mais importância agora), Evanna Lynch, Bonnie Wright, James e Oliver Phelps, Devon Murray, Jessie Cave, Tom Felton, Kate Leung, Clémence Poésy e muito mais.
Tudo isso para prestar o devido respeito a quem construiu os personagens que tanto amamos, mas para reservar um espaço para os destaques. Helena Bonham Carter é simplesmente psicótica fazendo Belatriz Lestrange, e mostra outro lado de sua atuação ao interpretar Hermione transformada nela pela Poção Polissuco com brilhantismo. Ralph Fiennes faz um Voldemort realmente assustador e malévolo, e o fato dele não ter nariz é o menor dos problemas. Mas o grande destaque do filme fica certamente com Alan Rickman, que fez de Severo Snape um personagem impecável desde o começo da história, no primeiro filme. Seu jeito pausado de falar, sua aparência sombria, sua aparente maldade, tudo levou ele a ser, assim como nos livros, o melhor e mais complexo personagem da história. Se não for para levar o Oscar com essa interpretação, ao menos que concorra a Melhor Ator Coadjuvante que já ficarei muito feliz. Não tem como não se emocionar com sua atuação no momento da Penseira, é de cair lágrimas na mais dura das pessoas.
David Yates é um cara que consegue bem transformar a magia em algo comum. Ao vermos alguém lançar um feitiço, não o vemos mais todo colorido, com aquele ar de novidade e de algo fantástico, e sim vemos como se fosse algo do cotidiano, o que realmente é. E os duelos de magia no filme são excelentes, algo nunca visto no cinema antes, uma luta diferente de tudo.
Adorei também sua ideia de estender um pouco mais a luta final. No livro, a conversa entre Harry e Voldemort enquanto lutam funciona muito bem, mas no filme, muito mais visual, cenas desse tipo são mais empolgantes. Gostei, inclusive, da cena em que eles se jogam do abismo, que foi recebida com muito choque e medo pelos fãs ao verem o trailer.
O que me incomoda um pouco é que, às vezes, Yates quer deixar a magia tão comum que perde o foco. No filme, todo Comensal da Morte voa, quando na verdade só Voldemort faz isso, e todos os feitiços se colidem e ficam ligados, quando somente feitiços de varinhas gêmeas fazem isso. É um jeito de tentar mostrar o quão comum a magia é naquele mundo, mas acho que escolheram os exemplos errados. Um detalhe que me chama bastante atenção é os seguranças de Gringotes usarem uniformes de trouxas. Coloque-os em trajes de bruxos e aí sim entenderemos como funciona aquele mundo.
Outro erro que Yates comete é não pesar nas mortes. Quer queira quer não, é um filme, essencialmente, de guerra. Ao não querer criar momentos melodramáticos, ele perde a oportunidade de mostrar mortes importantes com mais carga dramática, sendo que mortes como a de Tonks e Lupin e a de Fred Weasley passam quase despercebidas, ainda mais a do último, que não mostrou a reação que eu esperava principalmente de seu irmão gêmeo. É uma pena, já que houve cenas anteriores às mortes de extrema competência que já preparavam o caminho para o sofrimento, como ao mostrar Tonks e Lupin dando as mãos antes do ataque dos Comensais, e Fred e Jorge conversando antes da batalha.
E mesmo cortando muito e diminuindo bastante o epílogo do filme, que poderia mostrar uns detalhes a mais de nossos queridos personagens, o filme termina de maneira espetacular, com os heróis de nossa história em cena, dando tchau à maior, mais lucrativa e mais sensacional franquia cinematográfica de todos os tempos. Vida longa e próspera a Harry Potter, que ele continue sendo um sucesso de geração em geração, e que nossos filhos e filhas possam ter o prazer de ler e assistir à melhor história que eu conheço. Esse filme fecha uma série de filmes que, juntos, são perfeitos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Carros 2

Estou triste ao escrever esse texto. A Pixar, a gigante das animações, que nunca havia errado, errou. Na verdade, deu uma tropeçada, e fez seu filme mais fraco até agora. O único fraco, devo dizer.


Carros 2 (Cars 2, 2011)
Direção: John Lasseter e Brad Lewis
Entenda que não é um filme ruim, só deixa de ter aquela qualidade impecável e a profundidade de todos os outros 11 filmes que a Pixar produziu antes. Coisa que muita gente duvidava que acontecesse e outros que achavam que era inevitável um dia acontecer.
Em Carros 2, Relâmpago McQueen vai participar de uma corrida pelo mundo e leva Mate com ele. Mate é confundido com um espião americano e passa a se aventurar junto de Finn McMíssil e Holley Caixadebrita, espiões que estão tentando evitar o plano de vilões que querem acabar com a corrida e seus competidores.
Carros já era o mais fraco dos longas da Pixar. Ele apresentava a mais clichê (na verdade, a única) história dos filmes do estúdio, aquela de um personagem arrogante que acaba encontrando um lugar pacato e de valores simples, e então reavalia seus conceitos e se torna uma pessoa melhor. Comparei-o até a O Último Samurai no post sobre este filme, e dá para comparar com várias outras histórias semelhantes. E para esta continuação eles conseguiram encontrar uma história mais clichê ainda. Ou vai dizer que você nunca viu por aí um filme em que um personagem engraçadinho acaba sendo confundido com um espião e se metendo em altas confusões? Parece até filme da Sessão da Tarde! Cadê o brilhantismo dos outros roteiros do estúdio?
A Pixar nunca investiu em sequências, exceto com Toy Story, que rendeu mais dois filmes, um melhor que o outro. Mas esses filmes tiveram seus motivos de existirem e foram feitos com muito carinho e competência. Tirando eles, a empresa só lançava filmes originais, sua especialidade. Quando anunciaram a continuação de um de seus filmes, fiquei curioso. Quando anunciaram que era de seu mais fraco filme, fiquei receoso.
John Lasseter é um profissional excepcional. Um dos fundadores da Pixar e diretor das obras-primas do cinema Toy Story e Toy Story 2, além de Carros e Vida de Inseto. Ele altera entre ótimos filmes e os mais fracos do estúdio, que assim mesmo são ótimos. Parece que ele quis fazer Carros 2 somente porque estava com vontade, porque viu um pequeno potencial no filme. Uma pena, já que seu nome fica comprometido, em uma direção normal, sem a técnica de antes.
Não estou, de jeito nenhum, diminuindo o filme aqui, só dizendo que o filme poderia ser melhor, de acordo com os padrões auto-impostos pela Pixar até hoje. Há várias coisas boas no filme, que o fazem ser bem divertido.
O filme é bastante engraçado. Ele traz do primeiro longa todas as piadas envolvendo trocadilhos com carros, como chamar o relógio de Londres de Big Bentley. A animação do filme é espetacular, mostrando todo o potencial da Pixar, que sempre teve a melhor qualidade visual, estética e fotográfica entre todos os estúdios de animação. Basta ver cada cidade ao redor do mundo e ela será reconhecível na hora, com todas suas particularidades e características.
Uma coisa interessante, que divide opiniões, é a mudança do protagonista. Claramente, McQueen fica de lado no filme, dando muito mais espaço a Mate. O personagem é bastante engraçado, mas pode ficar cansativo, dependendo do seu humor. Mas o filme tem personagens de monte para fazer companhia a ele, e todos eles têm seu charme e sua graça, destacando os agentes secretos Finn McMíssil e Holley Caixadebrita, que pensam que Mate é o espião. Além de tudo, os personagens italianos, tanto os antigos Luigi e Guido quanto o novo corredor Francesco Bernoulli, são bem engraçados, e Guido continua calado e sensacional, como no primeiro filme.
A Pixar mostra um respeito louvável ao tirar Doc Hudson do filme em respeito à morte do ator Paul Newman, que o dublou no primeiro. Outra qualidade do filme.
Outro fator excelente do filme é sua dublagem em português. No original, o filme tem atores célebres fazendo as vozes, e no Brasil nós não ficamos atrás. A direção de dublagem de Guilherme Briggs cria adaptações perfeitas para a nossa cultura. Mate é dublado novamente por Mário Jorge, que cria uma voz caipira e inocente extremamente boa, melhor que a original, e é o destaque do filme. E ainda há a ótima participação de Luciano do Valle e José Trajano fazendo os locutores do Grand Prix Mundial, adicionando um realismo muito bom para nós, brasileiros. E o carro que seria Lewis Hamilton vira Emerson Fittipaldi por aqui, sendo dublado pelo mesmo em uma pequena ponta, assim como Cláudia Leitte dubla a corredora brasileira do filme, e sorte que ela tem só duas falas. As adaptações de nomes também são bastante divertidas: Holley Caixadebrita e Miles Eixodarroda (o criador da corrida e do combustível renovável que patrocina) são exemplos de boas adaptações. Expressões são bem traduzidas, também, e ajudadas por elementos da nossa língua espalhados pelo texto (como em um momento, divertidíssimo, em que um capanga diz a um dos vilões do filme, mostrando uma lista: "Aí, chefe, quer dar um 'confere'?").
O filme tem vários momentos engraçados, e obviamente não dá para falar tudo aqui. São momentos típicos de uma comédia de situações, com algo diferente acontecendo a cada momento. E é uma pena que a briga entre McQueen e Mate seja boba, não tendo um motivo forte para que eles realmente se magoem, parecendo apenas uma desculpa para mover a história, já que os dois não ficam juntos durante a maior parte do filme.
O final do filme condiz com o resto, apresentando uma solução clichê para o problema e lições de moral escancaradas na tela, coisas que eram bem disfarçadas em outros filmes do estúdio. A descoberta e revelação do vilão parece um episódio de Scooby-Doo, fazendo a inevitável comparação de Mate com o cachorro engraçadinho dos desenhos.
Enfim, sabe aquelas continuações de filmes clássicos da Disney? Aquelas que saem direto para vídeo, não têm a qualidade dos originais, não acrescentam à história ou aos personagens e são feitas apenas para produzir mais dinheiro? (E que, ainda bem, foram descontinuadas pelo próprio John Lasseter, ironicamente, quando este assumiu a produção dos desenhos da Disney, quando esta comprou a Pixar). Então, Carros 2 parece um desses filmes, parecendo um filme para arrecadar dinheiro e feito às pressas, mas que mesmo assim possui suas qualidades.
Aquilo que muitos temiam aconteceu: a Pixar tropeçou. Mas dizem que é preciso cair para aprender a se levantar. Quando um gigante cai, esperamos que ele levante tão grandiosamente quanto caiu. Essa é a minha esperança, que ela aprenda ainda mais e melhore ainda mais a qualidade de seus filmes, e que volte aos roteiros originais que faz tão bem. Estou confiante em Valente, que sai ano que vem, mas estou preocupado com essa pré-continuação de Monstros S.A. que vai sair, Monsters University.
Para finalizar esse monólogo gigante, este é o filme mais fraco, mas ainda assim bastante divertido. Recomendo por uma razão: é Pixar.

PS: o curta que, como em todo filme da Pixar, passa antes do filme nos cinemas, também é o mais fraco. Férias no Havaí é com os personagens de Toy Story em uma história engraçada, mas nada comparado aos clássicos curtas-metragens que a empresa já fez, como Dia e Noite.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Transformers: O Lado Oculto da Lua

Eu poderia descrever esse filme como visualmente impressionante e resumir tudo somente nessa frase. Mas como existem alguns outros pontos interessantes a ser comentados, eu vou perder tempo fazendo um texto comum.


Transformers: O Lado Oculto da Lua (Transformers: Dark of the Moon, 2011)
Direção: Michael Bay
Um filme megalomaníaco de um diretor megalomaníaco, esse Transformers passa todos os limites da destruição cinematográfica normal e cria quase um balé bélico de metal, adornado de explosões e trilha sonora de tiros.
Depois de descobrirem uma nave de seu planeta natal na Lua, Autobots e Decepticons travam uma corrida para conhecerem seus segredos, revivendo sua história e travando a batalha final deles na Terra.
O que eu descrevi acima é o que eu consigo me lembrar da história do filme. O roteiro é construído para se ter uma desculpa para vermos os robôs gigantes se estraçalhando durante o filme todo. Não é um roteiro ruim, mas está longe de ser bom.
Uma das qualidades dele é usar eventos históricos para basear sua trama. A Corrida Espacial dos anos 60 é resultado direto dos Transformers, já que uma nave deles, fugindo da guerra em seu planeta Cybertron, caiu na Lua. Os americanos, para investigar o que aconteceu, desenvolvem meios de chegar à Lua (e antes dos russos, óbvio).
Continuando com os elogios, Shia LaBeouf é bastante carismático. Ele atua bem e faz uma boa ligação com os robôs gigantes. Ele está muito mais histérico nesse filme, resultado direto da piada com seu grito no segundo filme, o que chega a cansar um pouco, mas mesmo assim rende boas risadas em seus momentos mais assustados. John Turturro continua com seu divertido personagem galhofado, e Frances McDormand se junta à equipe com uma personagem até engraçada, mas que na maioria das vezes é tão sem carisma quanto os pais de Sam.
E a grande polêmica e dilema do filme: trocar Megan Fox por Rosie Huntington-Whiteley não faz diferença nenhuma ao filme. As duas estão ali para preencher o espaço da gostosa, sendo que nenhuma das duas é grande atriz e estão ali para rivalizar com os carros do filme em questão de curvas. Talvez Michael Bay tenha até ganhado nessa, já que a primeira imagem de Rosie (sobrenome complicado demais) é justamente um close em sua bunda subindo as escadas. Megan Fox já era muito "estrela" para isso.
E quando eu disse lá em cima que o diretor é megalomaníaco, isso se deve ao conteúdo não só desse filme, mas como de todos de sua carreira. O que ele quer colocar na tela são efeitos especiais e destruição geral sem parar. Analise sua filmografia e você vai encontrar filmes como Os Bad Boys e Bad Boys 2, Pearl Harbor, Armageddon e, claro, os dois primeiros Transformers. Filmes que tem destruição como elemento principal. E se é o que ele quer mostrar e passar adiante, ao menos nisso ele se garante. Esse terceiro filme dos robôs tem os efeitos especiais mais impressionantes que eu vi nos últimos tempos. Pedaços de metal voando para todo lado, tiros disparados a todo o momento, brigas entre robôs gigantes, carros reajustando suas peças para virar os robôs. Tudo com um realismo emocionante, eu saí dos cinemas achando que eles estão realmente entre nós. A destruição de uma cidade inteira no terceiro ato é fenomenal e grandiosa, nunca vi tanta destruição em um filme só. É a minha aposta para o Oscar de Efeitos Especiais, e um filme desses é necessário para que a tecnologia se desenvolva cada vez mais e torne muitos outros filmes melhores.
Pena que o filme seja só isso. Não tem roteiro, não tem história, não tem atuações memoráveis e nem acrescenta nada para quem for assistir. E não digo que o gênero é assim, porque já vi muitos filmes com bastante ação e tramas intrigantes. O espetáculo que Michael Bay quer criar é simplesmente mostrar carros incríveis se transformando em robôs alienígenas gigantes de metal e objetificar as mulheres. É um bom passatempo e pronto. E quem não gosta de presenciar, praticamente, um fim do mundo particular?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe

Eu posso não ter registrado em nenhum lugar, mas eu já disse várias vezes que eu confiava em Matthew Vaughn. Depois que ele dirigiu o clássico moderno Kick-Ass - Quebrando Tudo, eu sabia que ele tinha a capacidade para dirigir qualquer filme de super-herói, seja ele adolescente ou não.


X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011)
Direção: Matthew Vaughn
Temos a volta de Bryan Singer aos X-Men, mesmo que na produção. Afinal, ele já fez muito por esse grupo de mutantes, e deixou a direção com um talentoso diretor que sabe tratar de questões complexas.
No filme, vemos como Charles Xavier e Erik Lehnsherr se conhecem, viram amigos, acabam se desentendendo, criam os X-Men e a Irmandade de Mutantes e viram o Professor X e Magneto.
Antes de qualquer coisa, acho um dos melhores filmes desse ano. Toda a história, todo o conceito, todo o desenvolvimento de personagens e o contexto histórico são perfeitos. Dá para ver que esse filme foi feito com muito cuidado e carinho e, mesmo mudando elementos cruciais das histórias em quadrinhos, cria um universo novo nos cinemas para os mutantes.
E outra coisa que me surpreendeu foi o fato de eu ter lido, após o filme, que esse filme não pretende ser uma prequel (ou uma pré-continuação) da trilogia X-Men, mas sim um reboot da série. É impressionante como esse filme se encaixa totalmente com a continuidade da trilogia já criada, tendo apenas furos bem pequenos, sendo um ou dois de mais importância. Se, quisesse, ele realmente poderia ser o começo da trilogia.
Duas coisas já saltam à vista logo de cara: os personagens de Charles e Erik. Suas histórias, seus desenvolvimentos e, inclusive, suas interpretações, são fascinantes. James McAvoy faz um jovem Charles com as mesmas características de sua versão mais velha - atencioso, compreensivo, inteligente - e, ao mesmo tempo, adicionando elementos condizentes com sua jovialidade, como ele ser mais ativo, charmoso e até galanteador.
Michael Fassbender faz Erik também com características de sua versão futura - decidido, ambicioso - e o faz um jovem impulsivo, perturbado pelo seu passado, que acredita na superioridade dos mutantes. Uma atuação devidamente marcante, em que aparecem nuances de um personagem marcado pela pressão do nazismo. Aliás, a primeira cena de X-Men: O Filme é recriada e estendida aqui para mostrar a origem dos poderes de Erik.
Esses dois personagens e atores merecem um parágrafo para cada por serem as engrenagens que movem esse filme e pelo brilhantismo dos dois. Você entende perfeitamente os motivos que movem cada um deles, e quando se conhecem a admiração e respeito entre os dois é mútua. Perfeitamente compreensível o motivo deles se unirem e, mesmo sabendo que a história criada para os quadrinhos é anterior aos livros de Harry Potter, a relação entre os dois me lembra um pouco a de Dumbledore com Grindelwald (para quem está esperando pelo último filme, você entenderá isso depois, e isso já não é mais spoiler em lugar nenhum). A amizade entre eles, no começo, também me lembra muito a relação que há entre Sherlock Holmes e seu amigo Dr. Watson. Charles e Erik representam dois lados de uma mesma moeda, o que, pensando bem, pode ser o motivo que faz com que o objeto que lembra Erik de sua missão ser uma moeda.
Partindo para outros assuntos do filme, ainda há muitas atuações a serem citadas. Kevin Bacon faz um ótimo vilão, Sebastian Shaw, talvez o melhor de todos os filmes dos mutantes. Uma atuação incrível de um personagem que não receberia tanto destaque nas mãos de outras pessoas. Nicholas Hoult e Jennifer Lawrence, que interpretam, respectivamente, Hank McCoy (Fera) e Raven (Mística) fazem ótimas atuações, e a relação entre os dois é muito bem pensada e explorada. O diálogo entre os dois quase no final do filme revela muito sobre quem são e nos faz pensar. E ainda há Rose Byrne fazendo Moira McTaggert, que nesse filme virou agente da CIA e interesse romântico de Charles, além de duas pontas bem interessantes de Rebecca Romijn e Hugh Jackman.
E o filme conta com vários outros atores fazendo outros mutantes para preencher o filme, os tornando a primeira classe do título. Na lista desse filme, além dos já citados acima, do lado do bem há Destrutor, Banshee, Angel (interpretada estranhamente pela filha de Lenny Kravitz, Zoë) e Darwin (com o menor destaque de todos); e do lado do mal temos Maré Selvagem, Emma Frost (January Jones atuando somente com o corpo) e Azazel, um demônio vermelho que se teletransporta. Como curiosidade, nos quadrinhos, Noturno é filho de Mística e Azazel, e quem sabe se isso não pode acontecer em uma continuação.
A ação do filme é muito boa, contando com momentos sensacionais que só podem existir em um filme sobre os X-Men. O filme tem ótimas cenas de luta e bons efeitos especiais. Às vezes os efeitos deixam a desejar em alguns poucos momentos, mas totalmente irrelevante considerando a história e a mensagem do filme, mais importantes no momento. E é muito interessante perceber como os uniformes voltam a ser mais coloridos, representando a própria época e uma homenagem às histórias escritas na década de 60.
E, para finalizar, a interação com o contexto histórico também foi excelente. Ambientado durante a Guerra Fria, o filme cria uma versão da História onde os mutantes foram os responsáveis diretos pela Crise dos Mísseis de Cuba e pela sua prevenção, adicionando uma boa parcela de realismo nos filmes.
Matthew Vaughn é um diretor excelente, e já provou que sabe colocar, em um filme de heróis, muito mais do que o vilão e o mocinho brigando. Ele sabe colocar profundidade e filosofia sobre diversos assuntos dentro de um mundo onde pessoas assumem um posto alto desses. E olha que Kick-Ass e seus amigos nem tinham poderes. Enquanto todos reclamavam que fariam mutantes adolescentes, eu simplesmente confiava em Vaughn e em Bryan Singer criando a história e sendo produtor.
Magneto sempre foi meu personagem favorito de todo o Universo Marvel. Sempre o achei fascinante e intrigante, sempre entendi seu modo de ver a evolução e seus motivos para fazer o que faz. Ele decididamente não é mau, é apenas o homem que vê as coisas de um modo diferente, e eu sempre o respeitei por isso. Sempre esperei por um filme sobre sua história, mas acabei ganhando mais do que isso. Ganhei um filme sobre sua história e a história de seu grande amigo/adversário, de como eles planejavam um mundo melhor, porém cada um a sua maneira. Xavier e Magneto são o grande Yin e Yang da Marvel, e isso foi representado de maneira espetacular nesse filme. Um dos melhores, se não o melhor, filme do ano.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Kung Fu Panda 2

Eu lembro de que, quando assisti a Kung Fu Panda, ele ficava no meio de termômetro de qualidade da DreamWorks. Não era tão bom quanto os melhores da empresa, mas era melhor que os menos bons. E havia potencial para melhorar nessa continuação.


Kung Fu Panda 2 (Kung Fu Panda 2, 2011)
Direção: Jennifer Yuh
Desde que li a sinopse do filme, percebi que eles haviam achado um ótimo gancho para o segundo filme. Não parecia forçado, parecia simplesmente a continuidade natural da história. E com uma boa ideia poderia vir um bom filme.
Po e os Cinco Furiosos precisam parar um novo vilão que criou uma arma que acaba com o kung fu. Nessa nova jornada, Po vai descobrir segredos do seu passado enquanto salva toda a China.
A história é bem legal. Ela busca em acontecimentos anteriores ao primeiro filme a trama que vai sucedê-lo. Isso quer dizer que ele não repete a mesma história do primeiro, criando um novo arco bom o suficiente para gerar uma continuação.
A grande questão é que o filme não deixou de ser o mesmo estilo do primeiro. E, assim sendo, ele figura, em uma lista dos filmes feitos pela DreamWorks, abaixo dos melhores e acima dos piores. Ele é apenas um filme comum. Dos filmes do estúdio que receberam continuação, é o mais fraco: Shrek (1 e 2) e Madagascar (também 1 e 2) são melhores do que Kung Fu Panda (pela terceira vez, 1 e 2). Mas estes são, também, melhores que Os Sem-Floresta, O Espanta Tubarões, FormiguinhaZ e alguns outros títulos. Traduzindo, é um filme que achei bom o suficiente, e que assistiria novamente sem problema algum.
Afinal, o filme tem bastante humor. O único defeito dele é ele não estar espalhado por todo o filme. Ele tem vários momentos hilariantes, mas que acontecem aqui e ali, e não durante toda a projeção. Você dá uma gargalhada de quinze em quinze minutos, digamos. Na média ele possui um bom nível de gargalhada (melhor que alguns filmes), mas na prática você fica quinze minutos apenas dando sorrisos de canto por piadas abaixo da média para uma produção deste tipo. Mas eu adoro como eles dão um jeito de fazer Po lutar quase não lutando. Tudo praticamente é feito pelos seus amigos de um jeito que ele leva o crédito por aquilo, isso é genial.
A dublagem original conta com astros para todos os personagens, o que, claro, não acontece no Brasil. Porém, assim como praticamente todas as animações e desenhos, a dublagem brasileira é excelente, e dá uma boa adaptada no texto para incluir expressões tipicamente brasileiras, que tornam o filme mais engraçado e natural para nós. E temos, sim, um famoso na dublagem. E fazendo um bom trabalho, fique tranquilo (afinal, hoje em dia dublagem de famoso = Luciano Huck). Quem dubla Po na versão nacional, que retornou do primeiro filme, é Lucio Mauro Filho. Ao escutá-lo, ele parece ser da equipe de dubladores profissionais, o que é sempre bom, pois mostra que seu trabalho está sendo bem feito.
Como já disse, a história é bem agradável. Sabemos da relação de Po e seu pai, Mr. Ping, o ganso. Se a situação era usada como comédia no primeiro filme, aqui é a base para esta continuação, sem estragar a mitologia do filme. É sempre bom ver quando uma continuação adiciona ao filme original ao invés de deturpá-lo. Po evolui bastante como personagem, mas continua o mesmo que nos conquistou, o que é incrível.
Em questão de qualidade e comédia, o filme está no mesmo patamar do primeiro, continua agradável. Foram acrescentadas mais cenas de ação, que estão excelentes, técnica e visualmente impressionantes, que fazem valer o nome do filme.
No final das contas, tenho medo do que pode acontecer se resolverem fazer uma trilogia. Se não houver aprimoramentos e o filme continuar nesta linha, o próximo filme pode ser ruim. Mas me assusta de qualquer jeito, porque a DreamWorks, em sua primeira experiência com trilogias, pôs tudo a perder. Sim, falo de Shrek Terceiro.

sábado, 11 de junho de 2011

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Piratas do Caribe tentando continuar em meio a tantas outras franquias de sucesso. E eles estão apostando tudo em um lugar só: Johnny Depp. Será que ele segura tudo sozinho?


Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, 2011)
Direção: Rob Marshall
A Disney tem o pote de ouro (ou, nesse caso, o baú de tesouros) nas mãos, e não pretende perdê-lo. Para tanto, quer começar a nova trilogia da franquia de sucesso, sem muitas ligações com a anterior. Mas esse é justamente o problema.
Jack Sparrow está atrás da famosa Fonte da Juventude, mas Barbossa, Barbanegra e sua filha Penélope também estão. Em meio à corrida, o caminho de todos se cruzam e conflitos são gerados.
Da trilogia original, somente quatro pessoas voltam para este filme: Johnny Depp (Sparrow), Geoffrey Rush (Barbossa), Kevin McNelly (Gibbs) e Jerry Bruckheimer (não podemos nem contar Keith Richards, já que ele aparece apenas como apareceu no terceiro filme: em uma pequena ponta).
O primeiro e o último são o motivo pelo qual os filmes anteriores foram um sucesso. Johnny Depp criou um dos personagens mais divertidos dos últimos tempos, e Bruckheimer é um produtor que sabe fazer blockbusters. Aliado à direção de Gore Verbinski, eles criaram filmes de ótimo nível. Com a saída do diretor desse quarto filme (para dirigir, até então, a melhor animação do ano, Rango), as coisas perderam um pouco o rumo, com uma história um tanto confusa e sem os personagens que nos acostumamos a ver.
Rob Marshall é um diretor conhecido por seus musicais, tendo dirigido Chicago e Nine, e foi chamado para dirigir Piratas. Não é uma má direção, mas não é a ótima direção que já estávamos acostumados na série. Ele deixou as coisas um pouco confusas, dando muito mais destaque a contar histórias paralelas, apresentar personagens e nos maneirismos de Jack. Mas não o culpo pelo último, é preciso investir no seguro.
A apresentação de personagens ficou bem cansativa. Cada um deles era apresentado em determinado momento, exatamente do mesmo jeito, o clássico de esconder a pessoa na sombra e depois sair. Foi assim para revelar que Barbossa continua na série e não é mais um pirata, foi assim para apresentar Angelica (Penélope Cruz), com uma luta inteira nas sombras, e foi assim com Barbanegra (Ian McShane). E todas essas pessoas estão procurando a Fonte sem nenhum motivo específico que nos seja revelado (ou aprofundado).
Como não temos mais o núcleo amoroso dos primeiros filmes, que era representado por Will e Elizabeth, decidiram colocar alguém para preencher o espaço livre. No lugar entrou um romance forçado entre um padre e uma sereia. O filme toma tempo demais para desenvolver a relação entre os dois, parando mais que o necessário em suas cenas, o que cansa um pouco. A sub-trama poderia, sim, existir, desde que fosse mais bem pensada e não desviasse nosso foco a todo instante.
Porque, afinal, o filme precisa que você esteja bem focado. Não porque a trama é complicada, mas porque ela é um tanto mal explicada. As reviravoltas que acontecem não têm toda a inteligência que tinha nos filmes passados, e parecem existir para imitá-los, apenas.
Mas o humor do filme continua bom. Johnny Depp consegue carregar o filme nas costas, com toda a energia que devota ao seu Jack Sparrow. Desde a primeira cena dele, onde está disfarçado, até sua última, em tom de sarcasmo, ele usa todos seus maneirismos, cara-de-pau e inteligência para nos divertir. Keith Richards, em sua única cena, nos faz rir muito, e o mesmo acontece na revelação de Angelica, em sua primeira cena.
Depp disse que continuaria interpretando Sparrow sempre, desde que quisessem, pois adora o personagem. Também adoro o personagem. E se os filmes continuarem como estão, mesmo com essa queda de qualidade, mas ainda sendo um bom filme, eu continuarei assistindo. Mas eu acredito que uma nova troca de diretores beneficiaria a franquia. E há sempre o medo do dia em que Jack começará a nos enjoar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Se Beber, Não Case! - Parte 2

Neste post você vai aprender como transformar o mesmo produto em uma fonte inesgotável de dinheiro, seguindo o mesmo conceito de brinquedos - para torná-los mais populares e caros, basta acrescentar acessórios ao mesmo boneco.


Se Beber, Não Case! - Parte 2 (The Hangover - Part 2, 2011)
Direção: Todd Phillips
Nesse texto, vai parecer que eu não gostei do filme. Sim, dá para rir durante toda a projeção. Mas focarei nos pontos negativos pelo simples fato de já ter focado nos positivos em Se Beber, Não Case!, já que os dois são praticamente o mesmo filme.
Desta vez, quem vai se casar é Stu. Todos viajam à Tailândia para o casamento e, receoso sobre o que já aconteceu no passado, Stu decide fazer apenas um café da manhã antes do casamento, porém as coisas dão errado novamente e eles acordam com outra ressaca inesquecível.
A própria sinopse do filme é igual ao do anterior, basta acrescentar alguns "desta vez" no meio.
Este filme segue exatamente a mesma estrutura do filme anterior, do começo ao fim. Começa com a estrutura do casamento e o trio principal ligando avisando que eles estragaram tudo. A partir daí você sabe o meio e o fim do filme. Sobra você rir das piadas e situações embaraçosas que surgirão.
Mas é claro que isso é uma continuação, e uma das filosofias das continuações é "mais". Mais personagens, exageros e tudo mais. E para mostrar que ele segue a mesma linha de raciocínio do primeiro, com seus devidos exageros, basta pegar alguns dos momentos-chave do primeiro. Se no primeiro havia um tigre que apareceu no quarto, neste há um macaco - e em questão de exagero, um macaco não é mais perigoso que um tigre, mas tem mais potencial cômico; nos dois filmes há perda de alguma parte do corpo, sendo que no primeiro é um dente e no segundo um dedo; Alguém some nos dois filmes, no primeiro é o noivo, e no segundo é o irmão da noiva, o personagem novo.
Existe o personagem indefeso que eles devem carregar: neste segundo, um monge de cadeira de rodas substituindo o bebê do primeiro, filho da prostituta. E tocando no assunto, ela dá lugar a uma prostituta travesti no segundo, com direito a comprovação por nudez e tudo. Finalizando essa lista de "coincidências", nos dois filmes há um acordo com alguém, que resulta em uma troca pelo personagem desaparecido. Com o Sr. Chow no primeiro e com o personagem de Paul Giamatti (em uma boa ponta) no segundo. Não é spoiler dizer que nenhuma das duas dá certo, e o negociante não está realmente de posse da pessoa.
O exagero é presente inclusive na atuação dos personagens. Stu (Ed Helms) está muito mais histérico, Alan (Zach Galifianakis) está muito mais bobo e criança (como é comprovado por um "flashback"). O Sr. Chow (Ken Jeong), depois de fazer muito sucesso no primeiro, volta muito mais maluco, homossexual e pelado neste filme, e ganha papel de maior destaque. Phil (Bradley Cooper) é praticamente o mesmo, somente um pouco mais indestrutível, assim digamos. Doug (Justin Bartha) volta para sua ponta de luxo, mesma função do novato Teddy (Mason Lee). Todos com boas atuações e muito engraçados, apesar do exagero já citado. Até Bangcoc é mais exagerada que Las Vegas, sendo muito mais violenta e maluca.
Tudo isso vai acabar, você bem sabe, com mais uma participação de Mike Tyson e as famosas fotos do final do filme, que são engraçadíssimas de tão absurdas.
O filme consegue ser uma mistura de continuação com remake, podendo se encaixar nas duas categorias juntas. O diretor conseguiu despertar duas condições distintas, a amnésia e o déjà vu, ao mesmo tempo.
Pode assistir ao filme sem medo, a não ser que você fique muito incomodado com a mesma história de novo. Eu dei muitas risadas no cinema, o filme tem cenas hilariantes, atores fantásticos e muito humor politicamente incorreto. Assista, ao menos, para ver o macaco, muito engraçado, fumando.
Parece que, pelo sucesso do segundo, um terceiro filme já está sendo cogitado. Será que há espaço e interesse do público para isso? Todd Phillips, junto com seus roteiristas Craig Mazin e Scot Armstrong, podem até entrar para o Livro dos Recordes, como as pessoas que conseguiram fazer três filmes de um único roteiro. Sem dividi-lo em três partes.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Thor

O Marvel Studios continua sua épica jornada de unir os super-heróis a qual tem direito, lançando seus filmes solos periodicamente até culminar na junção de todos em um único e espetacular filme. Como terminará essa aventura? Será o maior evento cinematográfico dos últimos tempos? Resta esperar.


Thor (Thor, 2011)
Direção: Kenneth Branagh
Todos estavam preocupados como a Marvel ia inserir o mundo místico e mágico dos deuses nórdicos ao seu universo que vem sendo construído nos filmes, bem tecnológico e terreno. Mas ela conseguiu, e muito bem.
Thor é o filho mimado de Odin, e está prestes a assumir o trono. Porém, Loki, seu irmão ciumento, arma para que ele seja banido para a Terra, onde deverá aprender a ser mais humilde antes de voltar a ter seus poderes místicos.
Primeiro de tudo, Thor é bastante shakespeariano. Um irmão ciumento que quer ter o poder dá um jeito para que o líder suma, sendo assim o herdeiro por direito, enganando a todos com sua maldade. Essa é a ideia por trás de Hamlet, de William Shakespeare. Para quem não está familiarizado com a literatura, basta se lembrar de O Rei Leão, que também se baseou na mesma ideia.
E, como o filme tem esse tom da história do famoso escritor inglês, nada melhor do que chamar um grande diretor conhecido por dirigir e atuar em peças e filmes sobre Shakespeare. Kenneth Branagh é especialista no assunto, e soube dar o tom certo a essa história de intrigas na família, mentiras e a posse de um trono. E ajudou a dar uma cara diferente a esse filme de super-herói.
O filme é diferente por ser um pouco mais pensativo que um filme desses seria. Ainda é recheado de boas cenas de luta, de ação e de efeitos especiais, mas também faz pensar e refletir, se tornando mais interessante.
Os atores estão representando muito bem seus papeis. Chris Hemsworth faz bem o papel de guerreiro ora mimado, ora perdido. Tom Hiddleston é um bom Loki, energético, misterioso e furioso ao mesmo tempo. Anthony Hopkins brilha como Odin, mesmo com pouco tempo para mostrar isso. Idris Elba faz um personagem que gostei muito também, o guardião da Ponte de Arco-Íris, Heimdallur.
No núcleo terráqueo do filme, Natalie Portman atua bem como sempre, dando profundidade a um personagem que podia facilmente ficar em segundo plano. Stellan Skarsgard e Kat Dennings fazem personagens normais, o primeiro mais importante e a segunda mais desnecessária.
Os efeitos especiais do filme, como já disse lá em cima, são espetaculares, uma verdadeira explosão de cores  e jatos mágicos. Asgard é muito bonita, com construções enormes que evocam à arquitetura antiga, com salões enormes e extremamente decorados.
A questão de explicar a magia no universo que era lógico foi muito bem resolvida. Todo o diálogo de "ciência e magia, de onde eu venho, são a mesma coisa" faz muito sentido, e a explicação de Thor para os universos que existem e como eles são ligados convence. Até é explicado que eles não são realmente deuses. É a Marvel provando que pode juntar todo mundo em algo que dê certo.
Mas ainda duas coisas no roteiro me deixaram meio chateado. O primeiro é o amor incondicional que surge entre Jane e Thor logo que se veem. Esse eu até perdoo, pois Jane é extremamente curiosa e louca por tudo que é "do espaço". O segundo é a redenção rápida demais do herói. Thor vaga todo confuso por nossas terras por bastante tempo, e, de repente, em um simples ato, se torna digno de portar seu martelo Mjolnir novamente. Muito rápido, muito forçado, poderia ter tido um desenvolvimento melhor nessa parte.
E falando no martelo, as lutas são demais. O estilo de Thor, lutando com o Mjolnir, e de seus companheiros de batalha são muito bons, criando uma luta elegante e efetiva.
E ainda há os famosos easter eggs e referências que ligam todos os filmes da Marvel, preparando tudo para Os Vingadores. O Agente Coulson, que aparece nos dois Homem de Ferro, ganha muito mais espaço aqui, inclusive referenciando Tony Stark quando o guardião de Asgard aparece na Terra. Há uma pequena ponta de Jeremy Renner com um arco e flecha, já preparando todos para o seu papel de Clint Barton, o Gavião Arqueiro. E ainda há a ponta de Stan Lee e fique até o fim para ver a cena pós-créditos, que começa a amarrar toda a trama.
No final, a Marvel está conseguindo produzir bons filmes. É fato que, os personagens estando em casa, é mais fácil criar filmes mais parecidos com os quadrinhos que todos conhecem. Thor está no mesmo nível de O Incrível Hulk, ambos são muito bons. Não melhores que os filmes do Homem de Ferro, por enquanto, que ainda acredito ser o carro-chefe do estúdio, mas definitivamente não desapontam. E Capitão América - O Primeiro Vingador já está chegando.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Velozes e Furiosos 5

"This is Brazil." Sinto lhe dizer, Vin Diesel, mas esse não é exatamente o nosso Brasil.


Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio (Fast Five, 2011)
Direção: Justin Lin
A franquia Velozes e Furiosos está querendo mudar. De rachas para assaltos, mas ainda com muitos carros. E visitam o Brasil com a típica visão deturpada americana. Mas que fica muito engraçado aqui.
Dom, Mia e Brian, depois dos eventos do último filme, partem para o Rio de Janeiro para se refugiar. Mas um empresário corrupto que domina a cidade quer vê-los mortos, então eles têm que se livrar desse problema.
A franquia, para mim, está se tornando cada vez melhor. O primeiro é a ideia inicial, sobre carros de corrida em rachas ilegais, apresentando os bons personagens de Vin Diesel, Paul Walker, Jordana Brewster e companhia. Somente Walker volta para o segundo, tornando o filme mais fraco, e ninguém volta para o terceiro, que tem o nome da franquia apenas para fazer dinheiro e por uma ponta minúscula de Vin no final.
A partir daí, quando percebem que o público perdeu o interesse na franquia, resolvem que tudo tem que começar de novo. Todos os atores resolvem retornar e o filme vira uma espécie de filme de corrida/assalto. E pretende continuar assim.
Para isso, mantém o mesmo diretor do terceiro filme para o quarto e este quinto, dando uma chance a ele de mudar a franquia que ele pegou no pior momento.
Os carros continuam sensacionais. Máquinas incríveis fazendo milhares de manobras no filme. E os efeitos especiais do filme são muito bons e bastante convincentes, basta conferir o clímax do filme, uma tremenda perseguição pelo Rio de Janeiro.
E falando na Cidade Maravilhosa, eu já tinha comentado no texto sobre Rio que eu entendo o porquê de até um brasileiro fazer um filme americanizado sobre o Brasil. Estereótipo não se muda de um dia para o outro. Usando o mesmo exemplo do texto de Rio, daquele episódio de Os Simpsons em que eles vêm ao Brasil, Velozes e Furiosos 5 parece muito mais com ele do que a animação de Carlos Saldanha. A questão é se você vai saber rir desses conceitos.
Afinal, porque eu nunca pensei em pegar o trem-bala que passa no meio do deserto entre Rio de Janeiro e São Paulo? Para eles é algo que pode existir aqui. Assim como praticamente todo habitante do país possuir armas e falarmos com sotaque porto-riquenho. E a maioria das falas em português foi redublada, certeza. Alguns falam tão bem que as palavras não parecem sair de suas bocas, e outros puxam para o espanhol nos diálogos. Único português autêntico é o de Jordana Brewster, filha de brasileira, que altera muito bem entre os dois idiomas. Mas me pergunto como Mia, a personagem dela, americana, sabe falar, e tão bem, o português.
Mas talvez a parte mais engraçada sobre nossa cultura seja o fato de que, em um racha entre os personagens, tocar a música Melô da Popozuda. Hilário. O diretor já afirmou que não sabia o que a letra significava quando escolheu a música para a cena, mas, para nós, ficou bastante engraçado.
Depois de discorrer sobre as características presentes (ou não) de nossa pátria nesse filme de subtítulo brasileiro péssimo, só acrescento que a entrada de The Rock (ou melhor, agora ele é Dwayne Johnson) na franquia foi muito bem vinda. Fazendo um policial linha dura, do tipo que traficantes armados até os dentes deixam entrar normalmente na favela e ainda sentem medo (mais risadas), ele e Vin Diesel travam uma luta espetacular, digna de dois gigantes como eles. E ainda há a volta de todos os personagens que já apareceram nos outros filmes para montar a gangue de ladrões. Ou seja, eles estão tentando amarrar tudo e garantir que Velozes e Furiosos 3 - Desafio em Tóquio não foi um desperdício de tempo. E estão conseguindo.

domingo, 15 de maio de 2011

Eu Sou o Número Quatro

Sabe quando você não sabe o que esperar do filme? Você vê o trailer, não te chama muito a atenção, aí ele entra em cartaz, você diz "vou ver esse filme" e sai do cinema bem feliz porque viu ele. Aconteceu isso com esse.


Eu Sou o Número Quatro (I Am Number Four, 2011)
Direção: D.J. Caruso
O filme é bom. Me surpreendeu. Eu achei que ele seria algo na linha de Crepúsculo quando vi o primeiro trailer. Jovens, colegial, poderes. Mas, por sorte, não é um desses subprodutos.
No filme, John é um dos nove habitantes de seu planeta que sobreviveu. Ele e seu protetor passam a vida se escondendo, porque alguém está eliminando os sobreviventes em ordem. Três já foram, John é o número quatro.
Vou falar aqui no começo o que eu só vi no final. Só fui ver nos créditos que esse filme é uma produção de Michael Bay, o diretor explosivo e frenético dos três Transformers e muito mais. Talvez a sua produção tenha tornado o filme melhor, tenha o feito sair desse esquema de filme de colegial, tenha adicionado um pouco mais de ação, que está boa no filme.
Mas claro que a direção também é boa. D.J. Caruso sabe fazer bons thrillers. Ainda não conferi Paranóia, mas já vi Controle Absoluto, que inclusive é com o mesmo Shia LaBeouf do outro filme, e garanto que ele sabe colocar os personagens para correr e para lidar com situações adversas com bastante ação.
Os personagens principais são bem representados. Alex Pettyfer faz bem seu papel, Timothy Olyphant faz um bom protetor. E o filme ainda tem a linda Dianna Agron fazendo o par romântico de John. É por isso que a raça dele só se apaixona uma vez.
O filme tem uma história interessante, adaptada bem do livro do qual ele foi baseado. A descoberta gradual dos poderes acontece bem, começando por aquelas luzes nas mãos que parecem insignificantes, mas que são bem interessantes, até outros mais poderosos. Os efeitos especiais são muito bons, tanto de poderes quanto de criaturas que aparecem no filme. Os Mogadorian, inimigos do filme, são bem feitos e representam uma boa ameaça.
A relação entre os personagens também é boa. John e Henri, seu protetor, agem como pai e filho forçados. Sarah e Sam são a mocinha do filme e o amigo que sempre quer ajudar, e Teresa Palmer chuta bundas quando aparece como a Número 6.
Espero que a franquia faça sucesso para vermos mais filmes daqui para frente. Ele é bem mais legal e tem bem mais potencial que A Bússola de Ouro, que deixou um gancho muito óbvio, exigindo uma continuação, e acabou não tendo o sucesso esperado, fazendo com que ficássemos sem o final da história. Eu quero continuar a ver o Número 4 por aí.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Rio

O Brasil está ganhando uma superexposição internacional no cinema. Muitos e muitos filmes se passam no nosso país. Momento perfeito para o brasileiro Carlos Saldanha, diretor já consagrado lá fora, fazer uma animação sobre nós e sua cidade natal. Mas do jeito que lá fora gostariam de ver.


Rio (Rio, 2011)
Direção: Carlos Saldanha
Claro que um brasileiro conhece o Brasil, mas não acho que a intenção do diretor era fazer o filme extremamente fiel ao que se vê no nosso país. Ele tem que agradar todo o mundo, tem que ser agradável em todos os países.
Blu é uma arara azul que mora nos Estados Unidos, não sabe voar e é também o último macho da sua espécie. Ele e sua dona Linda então precisam viajar ao Brasil para encontrar a última fêmea. Aqui, as aves são raptadas, se perdem e conhecem a Cidade Maravilhosa.
Eu achei o filme espetacular, me surpreendeu bastante, pelas críticas que eu havia ouvido sobre ele. Apesar do filme apresentar os estereótipos brasileiros, ele tem uma boa dose de realidade que não se vê em produções americanas. Basta comparar com o episódio de Os Simpsons em que eles vêm ao Brasil. Qual dos dois é mais plausível?
O filme começa com a Baía de Guanabara, entrando na Mata Atlântica e mostrando os pássaros dançando ao som do samba. Um samba muito bom, aliás. A sequência inicial presta algumas homenagens à Disney na época da Política da Boa Vizinhança, em que fez filmes sobre a América do Sul como Alô Amigos e Você Já Foi à Bahia?. Os próprios pássaros sambando é um estereótipo cunhado pela Disney, e ainda há a paisagem parecida e até os corvos que, de início, parecem um cacho de bananas.
Toda a paisagem carioca é muito bela, criada fielmente a partir da real. Realmente parece que se está no Rio de Janeiro, com seus principais cartões postais recriados digitalmente, como o Pão de Açúcar, as calçadas de Copacabana, o Cristo Redentor e até as favelas e seus barracos.
A trilha sonora é sensacional. Composta de vários sambas e músicas que misturam instrumentos brasileiros usados no samba com outros estilos dançantes, a trilha surpreende e faz com que você entenda porque todos esses brasileiros do filme dançam samba a todo momento. A trilha foi composta em parceria com brasileiros, incluindo aí Carlinhos Brown, e ela é em português em vários momentos, na versão original. Há uma nova regravação do clássico Mas Que Nada, há um samba-enredo tradicional, uma mistura de samba com pop, outra mistura com rap e até um funk carioca.
Os personagens são extremamente bem construídos, fofos, engraçados e interessantes. Bem ao estilo de outros filmes da Blue Sky. Compare com a trilogia A Era do Gelo. A dublagem original é feita por grandes nomes da atuação, e não é à toa que muitos até são cantores, como Jamie Foxx, will.i.am, Jemaine Clement, pois o filme conta com músicas em vários momentos, mas não sendo essencialmente um musical ao estilo Disney, pois as músicas mais são momentos de expressão de sentimentos do que para contar a história em si. E sendo um grande fã de Flight of the Conchords, é muito bom ver que a música de Nigel, personagem de Jemaine Clement (um dos integrantes da banda de comédia), é bem ao estilo da banda e co-escrita por ele mesmo.
A dublagem brasileira é espetacular. Dirigida por um dos melhores dubladores do Brasil, Guilherme Briggs, que também faz a voz de Nigel, maravilhosamente bem, diga-se de passagem. Não deve nada à dublagem original de Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Leslie Mann, Tracy Morgan, George Lopez, Rodrigo Santoro e outros já citados aqui. Inclusive, Rodrigo Santoro faz a dublagem brasileira também, como o seu personagem Túlio, uma decisão esperta. A dublagem inclui várias expressões brasileiras que faz com que nos identifiquemos mais com o filme, e a tradução das músicas está muito boa, comparada, em qualidade, à tradução de músicas da Disney. A dublagem ainda conta com outros grandes nomes brasileiros como Alexandre Moreno, Mauro Ramos e Sylvia Sallusti.
A história é relativamente simples, mas não é ruim. É mais uma trama para fazer a história andar e poder mostrar todos os lugares do Rio, desde a praia até as favelas, da mata ao sambódromo. O filme é uma comédia, e tem personagens engraçados, bem ao estilo das animações da própria Blue Sky. Achei o filme tão bom quanto o carro-chefe da empresa, A Era do Gelo, e tem de tudo para se tornar a próxima cara da empresa. Por causa do personagem, poderia até virar Blu Sky Studios, não acham? Ou não.
Achei uma das melhores animações do ano até agora, com chances de concorrer ao Oscar, por questões políticas. Claro que o Brasil é representado como o país do samba, do futebol, das bundas e de pessoas que caem na farra. Mas quem ajudou a vender essa imagem para o mundo foram os próprios brasileiros, usando tudo isso como produto de exportação. Claro que não existem flamingos por aqui, nem macacos ladrões, mas a questão é que, mesmo o filme sendo dirigido por um brasileiro, ele é produzido por americanos, e eles não acham que o Brasil é do jeito que ele é de verdade, assim como, tenho quase certeza, os Estados Unidos não são exatamente o que vemos nos filmes.

domingo, 8 de maio de 2011

Água Para Elefantes

Sabe que, sem toda aquela maquiagem e (d)efeitos especiais, Robert Pattinson não é um ator ruim. Achei que ele poderia estragar um filme desses, mas até que ele faz sua parte direitinho. Falta saber se ele continuará assim.


Água Para Elefantes (Water for Elephants, 2011)
Direção: Francis Lawrence
Uma história bem bonita, uma ambientação linda, fotografia fantástica e uma elefanta. Se ela fosse a atriz principal seria demais.
O jovem Jacob Jankowski (Robert Pattinson) perde tudo depois da morte de seus pais e acaba entrando para o circo, onde acaba conquistando a confiança do dono e o amor da mulher dele.
O filme é muito bonito. O filme tem a capacidade de emocionar, com seus momentos de alegria e de tristeza, de felicidade e de desconfiança. O filme passa emoção ao mesmo tempo em que passa apreensão.
E quem diria que Robert Pattinson poderia fazer um papel bom. Ele não dá um show de atuação, mas não deixa o filme cair também. Para um personagem principal faltava um pouco de carisma, um pouco mais de expressão, talvez, mas ele faz um papel decente e mostra que está dando seus passos para ser mais que um ator de filmes adolescentes. E eu não posso reclamar de ninguém que já participou da Saga Harry Potter.
Reese Witherspoon é uma boa atriz, e faz bem o seu papel de Marlena, melhor que Robert. Mas a química entre eles é estranha, não deu tão certo quanto gostariam que desse. Você acredita por causa do filme, porque a história é interessante. Quem realmente faz uma atuação espetacular é Christoph Waltz, como August, o dono do circo e apresentador do espetáculo, marido de Marlena. Waltz consegue demonstrar crueldade, felicidade, remorso, desconfiança e qualquer outra emoção maravilhosamente bem. O melhor personagem, talvez porque tenha ficado com o melhor ator do filme. E para completar, Hal Holbrook faz uma atuação muito boa no pouco tempo de tela que tem, fazendo Jacob velho, contando sua história. Sua fala final, que é a do filme também, emociona.
O diretor do filme conduz a trama muito bem. Mesmo com suas duas horas de duração, o filme não é arrastado e te mantém interessado em cada reviravolta que acontece. Tudo isso auxiliado pelas locações muito belas e a fotografia maravilhosa do filme, que eu gostaria que, pelo menos, concorresse ao Oscar.
O diretor Francis Lawrence, vindo da direção de videoclipes, estreou com o bom filme Constantine e depois fez o melhor ainda Eu Sou a Lenda. Sendo assim, tem, junto com esse, três filmes muito bons no currículo. E é engraçado ver como os personagens principais dos três filmes compartilham certa similaridade, por serem personagens distantes e, cada um à sua maneira, solitários. O diretor também consegue sempre trabalhar com atores que estejam em alta no momento, conseguindo Keanu Reeves para sua estreia em 2005, Will Smith para o filme de 2008 e agora o queridinho do momento Robert Pattinson. Sinal de que ele tem qualidade.
Os animais do filme dão um show. Vendo-os fazerem o espetáculo parece que se está em um circo de verdade. E destaque, claro, para o motivo do título do filme, a elefanta Rosie. Encantando desde o momento em que aparece pela primeira vez na tela, você sente suas alegrias, suas tristezas, e aposto que você vai querer berrar em determinada cena do filme, envolvendo ela e August.
Adaptado de um livro, o filme transpõe muito bem para o cinema, com uma história tocante sobre um jovem sem nada que acaba achando a felicidade e a vida ao entrar em um trem, que se torna sua casa. Entre nesse trem por essas duas horas e garanto que você vai rir, chorar, se emocionar e esperar pelo melhor, e quando ele chegar à próxima estação, você sairá satisfeito com o maior espetáculo da Terra.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Hop - Rebelde Sem Páscoa

Produção da Illumination Entertainment, que estreou com Meu Malvado Favorito, mas em uma mistura de animação e live-action. E com um ator que, mesmo não tendo filmes dele ainda, tem cara de ser muito engraçado. Tem qualidade, mas podia ter bem mais. E esse subtítulo brasileiro?


Hop - Rebelde Sem Páscoa (Hop, 2011)
Direção: Tim Hill
Não assisti ainda a Alvin e os Esquilos, mas já assisti Garfield 2. Ambos são do diretor desse filme, e pelo o que eu vi, é um diretor com experiência e que sabe fazer filmes que misturam real e virtual. E essa parte é boa.
Jr. é o sucessor de seu pai, o Coelho da Páscoa. Mas ele não quer seguir a tradição da família e quer virar baterista. Então ele foge e vai parar no nosso mundo, encontrando Fred Lebre (James Marsden) no caminho.
Traduzir o sobrenome O'Hare para Lebre foi uma boa escolha. Não fica esquisito e continua o mesmo trocadilho do original. Mas traduzir o nome do personagem principal de E.B. (as iniciais de Easter Bunny, Coelho da Páscoa em inglês) para Jr. não foi tão feliz. Continua sendo um nome de duas letras, mas perde um pouco da piada. Que fosse C.P., eu gostaria mais.
A história em si é bem simples, mas que encanta e faz o filme resistir durante todo o tempo, contando com personagens encantadores com uma das melhores animações dos últimos tempos. A interação entre personagens reais e criados em computador é sensacional, é quase imperceptível, o que ajuda muito em acreditar que tudo aquilo está realmente acontecendo.
A fábrica da Páscoa é tão viva e tão cheia de detalhes e coisas funcionando que se torna uma das melhores locações do filme, mesmo não sendo real. É um fantástico real, do tipo que a gente sabe que não pode existir, mas que adoraria que existisse.
Sobre os atores de carne e osso, James Marsden está bem como em seus papeis anteriores, o Ciclope na trilogia X-Men e o Príncipe Edward de Encantada. Gosto dele. Kaley Cuoco faz a função de coadjuvante que apenas auxilia, portanto está boa. O pai de Fred, interpretado por Gary Cole, é muito divertido. Sua cara de constante desaprovação e decepção com o filho é muito boa, e ele a mantém o filme inteiro.
A dublagem brasileira é excelente, tanto dos atores reais mas especialmente dos personagens animados. É difícil ver uma dublagem brasileira ruim de desenho. Não deve nada aos dubladores originais do filme, Russell Brand, Hugh Laurie e Hank Azaria, por melhores que eles sejam.
Aliás, a personalidade de Jr. deve ter sido criada (ou pelo menos completada) pela própria personalidade de Russell Brand. Ele deve ter dado uma improvisada nas gravações ou colocou seu estilo no coelho, pois eles têm algo em comum um com o outro, na velocidade da fala ou no ritmo das piadas. Isso tornou o personagem muito mais legal. Há ainda uma ponta do Russell Brand real no filme, interagindo com Jr., criando uma boa piada no filme.
E eu não entendo porque muitos lugares tentam vender o filme como um filme de criança. Sim, é engraçadinho, tem personagens fofinhos, piadas simples, na maioria das vezes, mas ao mesmo tempo tem referências a outros filmes, temáticas adultas e muito mais. Ou alguém acha que uma criança vai entender a piada da Mansão da Playboy?
Há, ainda, a participação especial de David Hasselhoff, que faz uma ponta muito boa como ele mesmo sendo um caça-talento, ao estilo de American Idol. E ainda ele garante a que seja, talvez, a melhor piada do filme.
Os pintinhos desse filme têm certa semelhança com os minions de Meu Malvado Favorito, e tinham de tudo para ser tão engraçados quanto eles, mas mesmo assim eles divertem bastante. O filme, de Páscoa, faz referência a alguns clichês de filmes de Natal, como os coelhos entregarem ovos de páscoa na noite de Páscoa em um trenó puxado pelos pintinhos, e ainda uma referência no final do filme ao clássico cumprimento de Natal. Com tudo isso, o filme tinha potencial para ser muito bom, mas é convincente e agradável.
No fim das contas, é um filme que diverte toda a família. Adultos, crianças, adolescentes, todos vão se identificar com algo no filme. Afinal, o filme é engraçado, bonito e no estilo de um filme de família tradicional. Não precisa pensar duas vezes antes de assistir, pois você não sai sem rir.

domingo, 10 de abril de 2011

Sucker Punch - Mundo Surreal

Decidi que, depois de ver esse filme no cinema, começaria minha maratona Zack Snyder ao contrário. Pois, acredite se quiser, não vi nenhum filme do visionário diretor ainda. Mas não fique aqui esperando, não tenho nada planejado ainda. Mas verei os filmes.


Sucker Punch - Mundo Surreal (Sucker Punch, 2011)
Direção: Zack Snyder
O filme, dependendo do seu ponto de vista, pode ser o mais simples ou o mais complexo. E acho que isso não foi uma coincidência. De um jeito ou de outro, você sai pensando do cinema.
Depois da morte da mãe, o padrasto de Baby Doll (Emily Browning) a coloca em um manicômio para que seja lobotomizada, a fim de ficar com a herança. Lá dentro, sob pressão, ela cria um mundo paralelo em sua cabeça para lidar com esse problema.
A sinopse que você acabou de ler é uma cópia da oficial (gosto de escrever minhas próprias sinopses), mas, dependendo do seu ponto de vista do filme, ela pode estar completamente enganada.
Mas vamos começar pelo princípio. Toda a história da morte da mãe e da tentativa do padrasto de se livrar das filhas é visualmente sensacional. Recheada de câmera lenta e uma fotografia muito boa, a história é contada de uma forma dinâmica, onde entendemos tudo o que acontece.
E já aproveitando, a primeira cena funciona muito bem por causa da música. E a trilha sonora desse filme é espetacular. Músicas escolhidas a dedo, sendo que algumas são em versões cantadas pelos próprios atores e atrizes do filme. É de sair feliz do cinema só pelas músicas.
Entrando agora no mundo do filme. Todos os mundos criados como válvula de escape são incrivelmente construídos. Depois que Baby Doll entra no manicômio, o cenário muda e a história "acontece" em um bordel, onde ela é a mais nova integrante das meninas que trabalham lá, comandadas pela Dra. Vera Gorski (Carla Gugino) e que tem como dono Blue (Oscar Isaac). Todos eles baseados em pessoas do manicômio.
As meninas são a própria Baby Doll, Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung). Juntas conseguem segurar o filme, mas não sei se sozinhas dariam conta do recado. Não digo que a interpretação é ruim, só digo que não é a melhor do mundo. Isso é óbvio. Mas todas elas mostram que evoluíram de seus filmes anteriores. E ainda há o Sábio (Scott Glenn) que aparece em todas as realidades, que aconselha as garotas, sendo uma bela caricatura de sábios famosos.
A escolha das atrizes que compõe o grupo é nítida. Esse filme é feito para satisfazer as fantasias de Zack Snyder, mas não só as dele. Meninas que usam roupas curtas lutando contra orcs e atirando com metralhadoras. O filme é um tanto machista. Mas, mais do que isso, para mim o filme é mais fetichista. E nesse gênero ele faz um bom trabalho.
E, para completar, os tais mundos em que acontecem as missões. Cada vez que ela dança, ela se transporta para um mundo diferente. Dançar faz com que as pessoas olhando se distraiam, permitindo que suas amigas roubem os objetos que precisam para fugir. Sim, é verdade, assistindo o filme você entende melhor, mas é um belo jogo de interpretação da verdadeira realidade. São basicamente quatro mundos: o dos guerreiros feudais futuristas, onde ela recebe a "missão"; o da Primeira Guerra zumbi, para pegar o mapa; o medieval com direito a dragão, para pegar o fogo; e o planeta distante a bordo de um trem, para pegar a faca.
Todos os mundos são visualmente encantadores. Efeitos especiais de primeira, fotografia fantástica. O filme deve concorrer ao Oscar nessas duas categorias, junto com figurino, provavelmente.
Por isso que eu digo que o filme pode ser simples ou complexo. Se você pensar que toda a história é construída para que se mostrem as garotas lutando em mundos diferentes, você está pensando no modo mais simples de mostrar esses fetiches em tela. Se você imaginar que todas essas realidades significam alguma coisa, que há um motivo para ela estar em um bordel, que as transições acontecem quando ela dança e todos os outros detalhes, você começa a achar que o filme é complexo. Para mim, ele deixa isso aberto. E o final é, definitivamente, de parar para pensar.
Só não discuto todos os detalhes aqui para evitar spoilers. Seja pelas explosões e os fetiches, seja por mensagens e significados, é um bom filme de toda maneira.