quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sobre Felipe Neto e as críticas

Depois de muito tempo sem tempo para escrever sobre outra coisa aqui que não fossem filmes, vou mudar um pouco de assunto.
Já que várias pessoas não param de falar disso, inclusive nos blogs dos meus amigos, os ótimos Muvuca Nossa de Cada Dia! e fabiotbworld, também vou falar.

Vou falar de uma das sensações do momento na internet: Felipe Neto e seu canal Não Faz Sentido!

Eu gosto muito dos vídeos do Felipe Neto, acho muito engraçados e me divirto bastante. Eu estou aqui para falar bem, apesar de não ser pago para isso.
Muitos o acusam de fazer sucesso criticando todo e qualquer tipo de modinha, sendo, assim, sempre notícia e sempre estando em evidência. Também o acusam de ter imitado o PC Siqueira, que possui o vlog Maspoxavida.

Mas na verdade, Felipe Neto apenas dá a sua opinião sobre assuntos que ele não gosta e que estão em evidência. E, para fazer isso, construiu um personagem, que é revoltado e não perdoa nada.
O PC Siqueira também fala bastante de assuntos que ele não gosta, mas ele fala como o próprio PC. O Felipe Neto usa um personagem porque é uma forma que ele encontrou de transmitir seus pensamentos de uma maneira engraçada. E, além do mais, ele é ator, é o que ele faz.
O PC Siqueira gosta dos vídeos do Felipe e, para quem ainda acha que eles não se gostam porque o Felipe "imitou" o PC, eles já gravaram juntos um vídeo.

Quanto a criticar apenas as modinhas e assuntos em evidência, tenho uma suposição. A menos de um mês atrás, um dos assuntos mais falados no mundo inteiro foi a Copa do Mundo, mas Felipe Neto não fez um vídeo sobre a Copa, porque ele gosta de futebol. Se eu tivesse um vlog (o que pretendo ter um dia) nesse mesmo estilo, eu teria falado da Copa, por ser um assunto em evidência e eu não ser um grande simpatizante do esporte.
Talvez até seja por isso que eu goste dos vídeos dele, porque ele fala de assuntos que também me incomodam, e eu concordo com a opinião dele. Se ele falasse de Harry Potter, é provável que eu o olhasse com outros olhos, mas respeitaria sua opinião.

Ou seja, o que Felipe Neto faz é pegar um assunto que está em evidência e que ele não goste, e transformar isso em algo engraçado, através de um personagem que não gosta de nada. É entretenimento, é um meio de fazer ser ouvido no meio de tanta gente, de criticar as pessoas que deixam ser levadas por qualquer coisa. Nas palavras do próprio em seu Twitter:
"Lembrem-se disso: o Felipe Neto gosta de muita coisa, o carinha do Não Faz Sentido até gosta, mas nunca vai falar. Personagem, galera =)"
Aliás, depois que o personagem dominou seus vídeos, ele criou um segundo canal, que é verdadeiramente seu vlog, onde ele é ele mesmo. Vale a pena dar uma conferida também.

Então é isso, se você não gosta dele porque ele falou mal de algo que você gosta, respeite a opinião dele e lembre-se que todo o exagero é apenas um personagem.
Se você não gosta dele porque você não gosta dos vídeos ou do humor dele, tudo bem. Eu respeito sua opinião, e não vou e nem quero fazer nada para mudar a mesma.
Se você gosta ou não gosta dele e nunca viu um vídeo dele, só se baseia pelo que estão falando, isso não faz sentido. Tem que conhecer para gostar ou desgostar, vá assistir um dos vídeos.
E, se você gosta dele, compartilha suas opiniões e gosta de seu humor: Que bom!

Para finalizar, vou deixar para vocês verem o vídeo dele de que mais eu mais gosto. Podem pensar que é o de Crepúsculo, que é um dos mais engraçados e o mais famoso, mas não é.
Como podem ver por este post e todos os outros, eu escrevo de um jeito um tanto formal, e gosto da norma culta da língua portuguesa. Portanto, compartilho da opinião do Felipe quanto às pessoas que escrevem errado. Não as suporto.

Fiquem agora com o Não Faz Sentido! - Gente que escreve errado.



Termino por aqui. Até a próxima.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Shrek Para Sempre

Shrek foi a série de filmes mais bem sucedida da DreamWorks Animation. Quem imaginava que a história de um ogro verde fosse fazer tanto sucesso? Depois de três filmes, com altos e baixos, o quarto é marcado como sendo o último da franquia. Shrek fez parte dos anos 2000.


Shrek Para Sempre (Shrek Forever After, 2010)
Direção: Mike Mitchell
Depois que Shrek, um filme magnífico, fez história ao inverter os contos de fadas, a coisa nunca mais foi a mesma. Recebeu o primeiro Oscar de Melhor Filme de Animação. Em seguida veio Shrek 2, ainda mais magnífico que o primeiro, mais engraçado e com dois vilões que você não espera: Fada Madrinha e Príncipe Encantado. Então veio o apenas normal Shrek Terceiro, que resolveu mostrar mais história e menos comédia, além de decidirem incorporar uma lenda, a do Rei Arthur, que não é mundialmente conhecida como os contos de fada. Quando Shrek Para Sempre foi anunciado, disseram que seria o capítulo final e, na opinião de muitos, seria para dar um final mais digno do que o último filme às histórias do ogro.
Se o motivo era este mesmo, fico feliz que eles tenham conseguido. No filme, Shrek está triste com sua nova vida familiar e monótona, e acaba fazendo a besteira de assinar um contrato com Rumpelstiltskin, especialista em contratos mágicos, para voltar a ser um ogro de verdade por um dia. Shrek é transportado para um mundo onde ele não existe, Fiona é caçada e Rumpel (com um nome desses, só abreviando) é rei.
Este último filme é bastante engraçado, e tenta voltar à velha forma dos primeiros filmes. Uma das coisas que gostei foi que a ação toda se passa em um universo paralelo. Dá aquela sensação de que os estúdios queriam criar um bom desfecho para a série sem estragar muito a história do ogro, que já tinha se tornado estranha no último filme. A ideia funciona, e um mundo ao contrário gera várias piadas. Fiona é líder da resistência dos ogros, que são caçados pela patrulha de bruxas de Rumpel, o Burro faz um bico como puxador de carroça, o Gato de Botas está gordo e aposentado e outros personagens também estão mudados.
Como dito acima, este filme está bastante engraçado, fazendo muitas referências a outros contos de fada, piadas bem divertidas e até uma participação especial de Gepeto. Há referências também aos filmes antigos, como o Pinóquio quase conseguindo se tornar um menino de verdade, de novo.
Apesar da grande maioria dos personagens serem recorrentes e, neste filme, pouco aproveitados, há os novos personagens, como Rumpel e seu hilário ganso gigante e os ogros da resistência, em especial o cozinheiro de tapiocas. Além do garotinho do vilarejo que pede a Shrek: "Faz o urro." Mas o destaque vai para o fantástico Flautista Encantado, em uma participação que garante muitas risadas.
Shrek Para Sempre traz de volta toda a diversão que Shrek tinha antigamente, e consegue dar um final digno à franquia. Shrek se despede em grande estilo: deu a volta por cima e parou quando estava no auge.


domingo, 25 de julho de 2010

Um Bom Ano

Quando falei de Robin Hood, listei os outros filmes que tem a parceria do diretor Ridley Scott e o ator Russell Crowe. Um deles é Um Bom Ano, o segundo da parceria e uma tentativa dos dois no mundo das comédias românticas.


Um Bom Ano (A Good Year, 2006)
Direção: Ridley Scott
Um Bom Ano é um bom filme. Sim, isso foi intencional! Mesmo tratando de um assunto já bastante abordado, continua sendo um bom filme.
No filme, Max, um corretor da bolsa de valores inescrupuloso, interpretado por Crowe, herda de seu tio uma propriedade em Provença, na França, onde ele costumava passar os verões, junto com a vinícola que o tio tanto gostava. Lá ele aprende a ser um homem mais simples e conhece e se apaixona por uma mulher local.
A história já é bem batida: um homem com uma personalidade ruim acaba tendo que passar um tempo em um lugar remoto, aprende a ser uma pessoa mais simples, se torna uma pessoa melhor, conhece a mulher da sua vida e por aí vai.
Mas há várias coisas boas no filme. O diretor e o ator, por exemplo, que vieram da parceria de Gladiador, onde ambos receberam os Oscars devidos. O filme também possui boas piadas. Algumas que funcionam melhor que outras, claro, mas mesmo assim satisfatórias.
As lembranças do personagem são muito interessantes, surgindo como visões ao se deparar com algum lugar da casa onde ele e seu tio haviam estado. Somos constantemente jogados ao passado para rever as memórias de Max e ver que ele tinha um grande carinho pelo tio.
Ao mesmo tempo, Max só pensa em dinheiro e logo todos ficam contra ele. Ao anunciar que pretende vender a enorme propriedade, os únicos empregados do local, o vinhateiro Duflot e sua mulher, se zangam. Aliás, a mulher de Duflot é exagerada e engraçada, assim como o pai de Duflot, um velho que rende boas piadas. Para complicar mais ainda, surge uma suposta prima de Max, filha do falecido tio, que Max tenta esconder para que ele possa vender logo a casa.
No meio de memórias do passado, piadas de um homem da cidade se adaptando ao interior e a ambição do rapaz, surge na vida dele (de um forma bem clichê) a mulher de sua vida. Claro que eles não se dão bem no começo, mas eventualmente se rendem um ao outro.
Com um final bonito, mas também um tanto clichê, este filme é uma boa tentativa de Ridley Scott de fazer uma comédia romântica. O filme não traz inovações, mas traz boas situações. É, sim, um bom filme.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Encontro Explosivo

Demorei 4 dias para escrever sobre o filme porque estive ocupado. Nas férias. Acreditem.
Vou falar da terceira comédia de ação (no Brasil, a segunda ainda), de que tenho notícia, protagonizada por um casal. Parece a nova aposta dos filmes, não?


Encontro Explosivo (Knight and Day, 2010)
Direção: James Mangold
Parece que temos uma nova aposta no mundo do cinema. São as comédias de ação estreladas por um casal. Recentemente tivemos o filme Caçador de Recompensas, estrelado por Gerard Butler e Jennifer Aniston, e o ainda inédito por aqui Par Perfeito (tradução chata para Killers), com Ashton Kutcher e Katherine Heigl. Chega agora Encontro Explosivo, com Tom Cruise e Cameron Diaz.
O motivo parece óbvio: atrair as mulheres para os filmes de ação e os homens para as comédias românticas, unindo os dois estilos. Este filme consegue fazer isso muito bem.
No filme, um agente secreto acaba envolvendo uma mulher no meio de uma perseguição a uma invenção em que todos querem por as mãos. Então eles devem agir juntos para impedir que tal objeto caia em mãos erradas.
Cameron Diaz está muito bem no seu papel, fazendo a mocinha que entra no meio da ação de repente. Mas Tom Cruise rouba a cena. Veterano em filmes de ação e em interpretar agentes secretos, Cruise atua como uma caricatura de todos seus personagens. Ele é totalmente autoconfiante, sempre exibindo um sorriso no rosto, dizendo palavras de carinho no meio de tiroteios e perseguições e extremamente habilidoso em qualquer coisa que faça.
O filme também consegue ser bastante divertido, geralmente com cenas da personagem de Diaz, não acostumada àquele mundo. Basta colocá-la no meio de um tiroteio, em um carro de fuga ou com uma arma na mão que já tem piada pronta. Boas risadas também quando a moça ingere soro da verdade. A ação do filme também é bem boa, há várias perseguições, explosões e atos praticamente impossíveis de Tom Cruise. Sendo uma comédia de ação, acho que temos bastante dos dois.
Uma cena que chamou a atenção foi aquela em que Cruise droga Diaz para que os bandidos não a machuquem e os dois são capturados. A partir daí vemos a situação pelos olhos de Diaz nos momentos em que ela volta a si. Por um curto período de tempo vemos Cruise acorrentado, depois solto, depois fugindo com ela, depois se jogando de um avião. Tudo confirmando a auto-paródia do personagem de Cruise, invencível. E é muito interessante quando essa cena se repete no final, mas com os papeis invertidos. Aliás, a relação dos dois e a invencibilidade de Cruise é provada quando Diaz tem uma crise e Cruise caminha no meio de um tiroteio só para beijá-la, numa cena muito boa.
Apesar do título em português ser bem clichê, foi uma boa ideia traduzi-lo mesmo, por que o título original seria difícil de adaptar e ainda não entendi seu sentido direito. O filme é bem divertido, garante boas risadas e boas sequências de ação, e é uma ótima diversão, se é o que você procura.


quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Saga Crepúsculo: Eclipse

Vi Crepúsculo quando saiu Lua Nova, e vi Lua Nova quando saiu Eclipse. Mas não quis comentar Lua Nova aqui, porque quis deixar o espaço reservado para o último. Não queria duas críticas, uma atrás da outra, de dois filmes da mesma saga, ainda mais quando eles são tão parecidos.


A Saga Crepúsculo: Eclipse (The Twilight Saga: Eclipse, 2010)
Direção: David Slade
Eclipse é melhor do que os outros dois filmes da Saga Crepúsculo. E isso não quer dizer muita coisa.
Neste filme, enquanto Bella continua indecisa entre o vampiro Edward e o lobisomem Jacob, Victoria cria um exército de novos vampiros para tentar matar Bella. Nunca expliquei a história de um filme tão rápido.
Não acho os filmes da saga ruins, mas estão longe de serem grandes filmes e grandes histórias. Por vários motivos, como a desvirtuação de figuras mitológicas clássicas como os vampiros e lobisomens, o amor extremamente exagerado entre os personagens e muito mais.
Acho que terei que incorporar várias opiniões de outras pessoas no meu texto, assim ficará mais fácil. E há pontos em que eu concordo tanto com os que defendem quanto com os que criticam a saga.
Foi dito que se trata de um blockbuster "para mulheres", e de certa forma é. Os dois interesses de Bella fazem o tipo galã, e se trata de um triângulo amoroso onde quem decide é a mulher. Mas essa ideia também pode ser descartada se pensarmos que todos os filmes estrelados por homens são blockbusters "para homens". Mulheres também gostam de filmes de ação e aventura, assim como também há homens entre os fãs de Crepúsculo.
Sempre se diz que a série é conservadora. Bem, Edward é um vampiro de 109 anos, que viveu em outra época. Até aí acho normal as atitudes que ele toma. Mas mesmo assim ele deveria ter aprendido alguma coisa já, porque ele toma atitudes como proibir Bella de ver Jacob, tirando a liberdade dela. No caso da Bella, sempre dizem que ela é muito forte e faz os dois comerem em sua mão, mas ao mesmo tempo ela é capaz de deixar para trás família, amigos e toda uma vida normal por causa de um amor avassalador. Acho a personalidade dela mal construída.
E indo para a parte das criaturas: vampiros e lobisomens não são criaturas que existem de verdade, então acho que os autores podem tomar certas liberdades criativas quanto às suas características. Porém as características chaves devem ser mantidas, senão estaremos falando de uma criatura nova. Para citar apenas um exemplo de cada, é característico de um vampiro que ele se desintegre no sol, e não que brilhe. E é normal que um lobisomem se transforme em em uma criatura metade humana e metade lobo em noites de lua cheia, sem consentimento, e não que se transforme em um lobo de verdade a hora que quiser. Eu gosto da teoria que diz: "Edward voa, brilha, mora na floresta e dá conselhos. Ele é uma fada."
Mas uma coisa interessante desse filme, e que não teve nos outros, infelizmente, é o fato do filme tirar sarro de si mesmo. Jacob aparece sempre sem camisa, com a desculpa de que seu corpo é muito quente, e em determinado momento Edward pergunta a ele se ele não tem camiseta. Sobre o assunto da castidade que envolve a série, onde Edward se recusa a fazer sexo antes do casamento, tem uma cena em que o pai de Bella quer saber das intimidades da filha, e ela responde que Edward é old school. Cenas assim são engraçadas e mostram que a série não está se levando tão a sério.
O amor dos dois, Jacob e Edward, é tão forte que eles fazem todo o clã deles, os vampiros e os lobos, lutarem contra os vampiros recém-criados só para defender Bella. E falando nas lutas e cenas de ação, elas são boas, mas poderiam ser melhores se os efeitos especiais ajudassem mais. Hoje em dia os efeitos praticamente simulam o impossível e os filmes da saga parecem que estão um passo atrás. Para mim o efeito da super velocidade dos vampiros, por exemplo, parece só um vídeo acelerado, disfarçado por muitos cortes de câmera.
E para dizer que não falei nada da cena da cabana, concordo com os que dizem que o Edward fica só olhando Jacob abraçado com sua namorada e não deveria deixar isso acontecer. Mas também concordo que ele fazia isso porque era a única salvação de Bella. Mas essa cena toda pareceu um pouco forçada e o único motivo dela existir foi para ter um motivo para que Jacob a abrace e Edward ainda fique feliz com isso, mas não totalmente.
Depois de tudo o que falei aqui, acho que consegui dizer que não sei realmente o que pensar sobre a Saga Crepúsculo, só que acho a história e os filmes razoáveis. Ou menos que isso.

PS: Não entendo porque o nome do filme é A Saga Crepúsculo: Eclipse. Acho desnecessário e fica com um nome muito grande. Poderia ser só Eclipse, porque todos já sabem de que saga se trata os filmes.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rebobine, Por Favor

Michel Gondry é um gênio artístico, conhecido pela sua criatividade e truques de câmera. Diretor de diversos clipes geniais para diversos artistas, inclusive The White Stripes e Rolling Stones, e do filme Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, que confesso que ainda não vi, mas me é altamente recomendado. Este novo projeto dele é tão cheio de criatividade quanto seus outros trabalhos.


Rebobine, Por Favor (Be Kind Rewind, 2008)
Direção: Michel Gondry
É um filme diferente. Ele, na realidade, é uma grande homenagem e uma grande brincadeira. Michel Gondry mostra que é uma das pessoas mais criativas que existem.
Danny Glover interpreta Fletcher, o dono de uma locadora de fitas VHS que pode perder o prédio se não conseguir reformá-lo. Então ele faz uma viagem para se encontrar com amigos e ver novos jeitos de ganhar dinheiro. Ele deixa Mike, interpretado por Mos Def, cuidando da locadora. Mas Jerry, vivido por Jack Black, tenta sabotar a usina de força da cidade e acaba magnetizado, e quando entra na locadora, acaba apagando todas as fitas. Para agradar a fiel cliente da loja e não deixar que ela ligue para Fletcher avisando da desgraça, eles começam a fazer, eles mesmos, suas próprias versões dos filmes.
E vê-los regravando os filmes, ou tentando, pelo menos, é muita diversão. Eles contam apenas com uma câmera e o que der para fazer sem recursos. O primeiro que eles tentam é Os Caça-Fantasmas, e a partir daí vemos um fantasma feito com um saco e lanterna verde, efeitos toscos de atravessar paredes e a música-tema sendo cantada errado.
Por incrível que pareça, seus filmes começam a ficar famosos e eles viram celebridades na vizinhança, e a demanda por mais filmes começa. Há até um nome para isso: para explicar a demora do filme chegar e os preços mais caros, eles inventam que os filmes são "suecados", ou seja, vem da Suécia. Então eles partem para regravar clássicos como A Hora do Rush 2, O Rei Leão, RoboCop, King Kong, Os Donos da Rua e muitos outros, com a ajuda do pessoal da cidade. Os métodos que eles usam para criar seus filmes são muito criativos, como usar um ventilador em frente à câmera para simular um filme antigo, usar a "visão noturna" da câmera para criar o efeito de noite (e com uma solução hilária para que seus rostos não fiquem negativos também) e usar uma pizza para simular uma poça de sangue.
Uma coisa interessante é que o diretor e roteirista Michel Gondry não deixou que ninguém revisse os filmes que eles suecariam. Tudo tinha que ser recriado somente a partir do que se lembravam do filme. Então as partes dos filmes que aparecem sendo recriadas são as mais famosas e marcantes. E falando em Gondry, é claro que, além da sua criatividade por trás da história, vemos também seus efeitos de câmera, como na cena em que Jerry e Mike se camuflam de policiais devido a suas roupas se parecerem com o fundo, e na cena de regravação de King Kong, onde Jerry fica bem perto da câmera e parece ser bem grande, agarrando a mulher que está mais longe, parecendo pequena.
Depois de certo tempo, onde todos ajudaram e eles já fizeram vários filmes, é triste ver o pessoal do FBI os acusando de infringir o copyright e o destino das fitas. Mas eles não desistem e resolvem fazer um documentário de Fats Waller, um cantor de jazz que todos alegam que nasceu e cresceu naquele bairro. O final do filme é algo bem diferente, é uma espécie de "ascensão e queda" ao mesmo tempo.
Este é um filme muito bom, onde é explorada a criatividade e é feita uma grande homenagem aos clássicos e ao início do cinema, quando não havia os recursos de hoje em dia. É um filme muito interessante de ser visto.

Gondry sabe como fazer algo e, numa jogada de gênio, sueca o próprio trailer de Rebobine, Por Favor para entrar no clima do filme, e ainda faz tudo sozinho. Clique para ver o trailer original do filme e o trailer suecado por Gondry.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Toy Story 3

Desde que foi fundada, a Pixar tem uma característica: ela nunca errou. Desde o primeiro curta-metragem, As Aventuras de André e Wally B., até o último filme lançado, Up - Altas Aventuras. A Pixar sempre se preocupou demais com suas histórias, e só lança um filme com a certeza de que se tornará um sucesso, tanto de público quanto de crítica. Neste ano, eles lançam o final da trilogia que marcou toda uma geração. Toy Story foi o primeiro filme em animação computadorizada do mundo, além de ser genial, e Toy Story 2 foi a primeira continuação que a Pixar produziu, e é igualmente genial ao primeiro.


Dia & Noite (Day & Night, 2010)
Direção: Teddy Newton
Como sempre acontece com os filmes da Pixar, Toy Story 3 vem acompanhado nos cinemas por um curta-metragem que antecede o longa-metragem. Então, se eu for falar do curta aqui, nada mais lógico que eu falar dele antes do filme.
Este é um dos melhores curta-metragens, não só da Pixar, como de todos os tempos. Uma história relativamente simples com uma genialidade tremenda por trás de tudo. A Pixar mostra até onde vai sua criatividade.
Em um fundo preto, o Dia e a Noite são dois seres que, dentro de seus corpos, possuem imagens do mundo no horário respectivo que cada um representa. Quando se encontram, eles se estranham e começam uma disputa, mas logo percebem que os dois foram feitos para viverem juntos. Tudo acontece sem nenhuma fala, só com sons ambientes dentro dos seres, como passarinhos no Dia e grilos na Noite.
Os cenários são em animação computadorizada enquanto os personagens são em animação tradicional, uma homenagem à Disney. Um curta impecável que precede um filme igualmente impecável.

Toy Story 3 (Toy Story 3, 2010)
Direção: Lee Unkrich
Você já chorou em algum filme? Se você responder que não, tenho quase certeza de que você ainda não assistiu Toy Story 3.
O filme começa, por tradição, com Andy brincando. A diferença é que desta vez vemos como tudo se passa na imaginação do menino, com muita ação e muita comédia. Há algumas referências aos filmes anteriores da série, como o "cão com campo de força embutido", o "dinossauro que come cães com campo de força embutido" e a "morte por macacos".
Em seguida tem a maravilhosa cena em que acompanhamos Andy crescendo ao lado de seus brinquedos através de fitas de vídeo caseiras, e é um dos primeiros momentos marcantes do filme.
Na história, Andy está indo para a faculdade, e sua mãe pede para ele decidir o que fará com seus velhos brinquedos. Por engano, eles acabam sendo doados à creche Sunnyside, comandada por Lotso, um urso adorável e que "cheira a morangos", mas logo se mostra cruel ao colocar Woody, Buzz e o resto dos brinquedos do Andy na sala das crianças menores, que não sabem brincar e estragam os brinquedos.
O filme inteiro é feito de cenas que chegam a emocionar e cenas que te fazer dar muita risada. A Pixar é um dos poucos estúdios que te controlam, eles fazem você rir quando querem que ria e chorar quando querem que chore. Tudo por causa de roteiros maravilhosos, histórias sensacionais e personagens carismáticos que ficam na sua memória para sempre. E em Toy Story 3, quando vemos novamente personagens que já conhecemos, a nostalgia domina.
Nos dois filmes anteriores, temos Buzz Lightyear achando que é um patrulheiro espacial de verdade. No primeiro a história gira em torno disso e, no segundo, há um segundo Buzz com os mesmos pensamentos. Neste terceiro filme, Buzz volta a achar que é patrulheiro sem que isso pareça forçado, sem parecer piada velha. O roteiro é inteligente o suficiente para criar a mesma situação de um jeito que se encaixe na história. E o Buzz em espanhol é uma das melhores piadas que existem.
O filme conta com diversos brinquedos novos, cada um com sua personalidade. Ken é um dos mais divertidos, e suas cenas com a Barbie são muito boas, principalmente quando eles se conhecem. Alguns dos brinquedos do Andy já não estão mais entre eles, e Woody diz que eles foram vendidos durante o tempo entre o segundo e esse terceiro filme. São citados Wheezy, Tela e Betty, a paixão de Woody dos outros filmes, e ele fica triste ao citarem o nome dela.
A pergunta do começo desse texto se deve aos momentos finais do filme. Diante de um problema em que eles não vêem como fugir, todos os brinquedos se dão as mãos e esperam pelo final certo. Uma cena extremamente comovente que mostra o quanto de humanidade aqueles brinquedos têm, por mais paradoxal que isso pareça, e essa é a magia da Pixar. E mais comovente ainda é o final do filme, algo que fecha a história dos brinquedos perfeitamente e é um dos melhores finais de filme que eu já vi. É a hora de chorar.
Toy Story 3 é mais um clássico da Pixar, o estúdio que nunca erra, e um dos melhores filmes do ano, ou talvez de todos os tempos. Se eu não citá-lo nos melhores filmes de 2010, saibam que enlouqueci.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Kick-Ass - Quebrando Tudo

Eu não disse? Completando as críticas sobre adaptações: de jogo, de livro, de seriado e, agora, de quadrinhos. Parece que não há mais histórias originais hoje em dia. Mas não estou dizendo que isso é ruim, já que o filme que comentarei é muito bom. Sabendo adaptar o material de origem, podem-se fazer grandes coisas.


Kick-Ass - Quebrando Tudo (Kick-Ass, 2010)
Direção: Matthew Vaughn
Kick-Ass é um filme divertido e com um alto nível de violência gráfica. Isso poderia se aplicar a vários filmes, mas quantos deles têm uma menina de 11 anos matando como um adulto?
O filme começa mostrando a vida monótona e sem graça de Dave Lizewski, que é mais uma pessoa no mundo. Ele começa a se questionar porque ninguém nunca seguiu o exemplo dos quadrinhos e se tornou um super-herói. Até que, para dar uma mudada na sua vida, ele se torna um: Kick-Ass. E já começa apanhando, coisa bem corriqueira no filme inteiro. A trama toda vai se desenvolvendo e ele conhece os heróis de verdade Hit-Girl e Big Daddy, além do herói/vilão Red Mist, interpretado por Christopher Mintz-Plasse, o McLovin de Superbad - É Hoje.
Quem domina o filme, na verdade, é a Hit-Girl. Vivida com bastante intensidade pela jovem Cloe Moretz, a menina consegue ser tão violenta e sádica que se torna legal. Ela domina com maestria o combate com armas, bastões, facas e qualquer outra arma letal e ainda protagoniza as cenas com mais ação e violentas do filme.
Big Daddy também não fica para trás. Nicolas Cage está muito bem nesse papel de ex-policial que foi traído e mandado à prisão, cujo único objetivo hoje em dia é treinar sua filha Hit-Girl para que saiba se defender e vingar a morte de sua esposa. E há também sua clara referência a Adam West, o Batman do seriado dos anos 60. Quando ele está vestido de super-herói, ele empossa a voz e faz maneirismos estanhos, assim como sua inspiração. Ele até chega a dizer: "Para o quartel-general" e sai correndo de um jeito estranho. Bela atuação de um grande ator.
O filme foi produzido de uma forma independente, e isso significa que não teve nenhum estúdio controlando a produção. Então o diretor fez tudo do jeito que queria. E isso inclui cenas bastante violentas, bastante sangue e até desmembramentos, mas nada é gratuito e tudo tem um propósito na história.
Outra coisa muito interessante são as referências que o filme faz. Por ser uma história de super-heróis não faltam referências ao Super-Homem, Batman, Homem-Aranha, X-Men e muitos outros, seja quando os personagens estão conversando ou no que está acontecendo em determinada cena. O personagem chega até a parodiar a célebre frase de Tio Ben em Homem-Aranha, Kick-Ass diz que "sem poderes, não há nenhuma responsabilidade". Há também uma maravilhosa referência aos jogos de videogame de tiro em primeira pessoa, perto do majestoso final do filme, engraçado e pirotécnico.
Destaque também para a bela sequência que explica a história de Big Daddy, toda feita em história em quadrinhos, e que foi criada pelo veterano desenhista John Romita Jr.
Kick-Ass é um excelente filme, com situações absurdas, engraçadas e bem violentas, com uma história bem apresentada e que faz bom uso da atualidade para contar sua história, como o fato de Kick-Ass se tornar famoso devido aos seus vídeos na internet. Recomendo fortemente.

PS: Pena que o filme tenha esse horrível subtítulo nacional. O mesmo foi escolhido em um concurso que houve aqui no Brasil para escolher o nome nacional do filme. Mas mesmo assim prefiro "Kick-Ass - Quebrando Tudo" do que o título que ficou em segundo lugar no concurso: "Ação Sem Noção". Bizarro!