segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo

Fui assistir a esse filme totalmente por acaso. O acaso é que a sessão de Harry Potter, a qual eu fui para assistir pela terceira vez, esgotou. O que tinha para ver de imediato era esse filme, e não é que ele me surpreendeu, de certo modo.


Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo (2011)
Direção: Hugo Carvana
E depois de ver o filme eu descobri que, sim, eu já havia visto um filme de Hugo Carvana. E como sempre nessas ocasiões, a comparação será inevitável.
Pai e filho, ambos atores e o primeiro trambiqueiro, rodam o Ceará com seu espetáculo. Até o dia em que uma mulher contrata os serviços do filho para se passar por um guru no Rio de Janeiro, para ganhar muito dinheiro.
A história é interessante em si. Tenho certeza que já a vi em algum outro lugar, mas enfim, não é mais batida das histórias, e acho que é possível ver uma nova versão disso. Afinal, se bem trabalhado, um filme sobre trambiques e golpes sempre será interessante.
Os atores do filme que dão toda a veracidade à história. Gregório Duvivier é um bom ator, e um bom improvisador também. Ele vem de uma peça de improviso no teatro, é esperado que ele saiba fazer isso. Seu personagem é bem trabalhado e ele o interpreta muito bem, e ainda consegue arrancar algumas risadas quando seu personagem se transforma em Bob Savanandra, o guru indiano que vem dar um workshop no Brasil. Na verdade, o verdadeiro Bob foi preso nos Estados Unidos, e a personagem de Flávia Alessandra, relações públicas de uma empresa que está construindo no Ceará, contrata Lalau para que ele se passe pelo guru, a fim de não tomar uma multa gigantesca. Herson Capri e Ângela Vieira estão bem em seus papeis também, como o casal dono da empresa.
Eu acho que o grande destaque do filme é Tarcísio Meira e seu personagem Ramon Velásquez. Golpista de longa data, personagem do espetáculo de stand-up comedy de seu filho Lalau Velásquez e um grande ator. Ele é uma síntese de um grande aventureiro e um artista. Seus bordões durante o filme definem o que é o personagem: "eu fiz uma cagada" e "não se preocupe, nada vai dar certo". Um bon vivant que cria espetáculos pelo simples prazer do espetáculo. O número de "personagens" que ele interpreta durante o filme mostra sua competência e sua dedicação, usando-os no dia a dia para se livrar (ou entrar) em situações diversas.
Quanto ao filme anterior de Hugo Carvana, Casa da Mãe Joana, lembro de o ter assistido no cinema e ter achado muito regular. Tinha atores muito bons, do nível de Paulo Betti e José Wilker, mas se propunha a ser uma comédia normal, sem muitas inovações. Tendo visto somente esse seu filme antes, não posso comentar sobre uma possível melhora como diretor, mas Não Se Preocupe é melhor que Casa da Mãe Joana.
E, no final das contas, esse filme é uma grande homenagem aos atores mesmo. O mentor de Lalau, após interpretar um padre para o golpe de Ramon, diz que não fez pela grana, mas sim pelo prazer de votar a interpretar. Assim como ele tinha dito em uma cena anterior, como Ramon passa falando o filme inteiro. Não é a toa que o final do filme é teatral, ele tem o foco nos profissionais que o formam na frente dos palcos. E das telas, também, obviamente.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cilada.com

Adaptar uma série de TV para um filme de longa-metragem é sempre uma tarefa perigosa. O problema é quando esquecem que os dois formatos são diferentes e precisam de abordagens diferentes.


Cilada.com (2011)
Direção: José Alvarenga Jr.
E o descrito acima se aplica aqui. O mesmo formato da televisão foi passado para o cinema. E não era para isso ter acontecido.
Bruno fica bêbado e trai sua namorada em uma festa. Para se vingar, ela coloca na internet um vídeo dele em um péssimo desempenho sexual. Então ele tenta reverter a situação e ganhar sua dignidade de volta de vários jeitos possíveis.
Bruno Mazzeo é um ótimo comediante. O seriado Cilada - mesmo eu tendo visto muito pouco dele - é muito engraçado e, de certo modo, inovador. Escrevendo comédia desde que tinha 19 anos, e sendo filho de Chico Anysio, humor é algo que ele realmente sabe fazer.
Mas parece que, ao pensar no filme, ele estava pensando no seriado. Digo isso porque o filme não tem uma história que caiba em um longa-metragem, ele é todo formado por diversos esquetes cômicos que, juntas, formam uma espécie de coletânea. São várias cenas engraçadas, mas que estariam muito melhores sendo exibidas na televisão, uma de cada vez. Um longa-metragem não pode ser composto de várias partes quase independentes - a não ser que o filme seja sobre esquetes.
Quanto ao elenco do filme, ele é composto por vários comediantes bons, que seguram o filme durante todo o tempo. O já citado Bruno Mazzeo, roteirista e protagonista, é muito engraçado. Um dos grandes talentos do nosso humor, e que por algum motivo sempre me lembra do Jemaine Clement, do Flight of the Conchords (banda e série). Fernanda Paes Leme faz a namorada traída de Bruno, e está muito bem. Serjão Loroza faz o Marconha, e é engraçado em doses homeopáticas, o que o filme respeita, aliás. E, como o filme tem essa estética de esquetes, muitas pessoas surgem durante toda a produção.
Mas sim, o filme é engraçado. Há várias cenas em que a risada surgirá. É como se você estivesse assistindo várias cenas distintas conectadas por um motivo em comum. Pode não ser a narrativa perfeita, nem o roteiro perfeito, nem a direção perfeita, nem a fluência perfeita, mas é um filme que você pode se sentar e relaxar e curtir sem se preocupar com nada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Tive que dar um tempo para tudo se assentar na minha cabeça, para analisar tudo de uma forma mais profunda. É difícil acreditar que finalmente terminou a saga, que ela teve um fim. Assisti ao filme quinta-feira e começo a escrever esse texto na terça-feira seguinte para poder conciliar tudo e transpor isso nesse texto. Não posso acreditar que tudo acabou.
PS: assisti ao filme mais uma vez, e aproveitei para segurar a publicação do post e acrescentar umas coisas a mais. E durante esse tempo, o filme já passou de um bilhão de dólares de bilheteria no mundo inteiro. Uma marca impressionante que é muito merecida.
E desde aqui aviso que, se você por acaso não tenha lido os livros ou vistos os filmes, este texto está cheio de spoilers. Afinal, dei tempo o suficiente para escrever isso e você poder assistir.


Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2, 2011)
Direção: David Yates
Esse filme é excelente! Falando sério, fora da visão de um fã de Harry Potter, esse filme é um dos melhores de todos os filmes da saga. E não só da saga, mas é um ótimo filme comparando com qualquer outro.
Na segunda parte de Relíquias da Morte, Harry precisa correr contra o tempo e encontrar as Horcruxes restantes para poder impedir Lord Voldemort, que está de posse da poderosa Varinha das Varinhas e mais perto de alcançar seus objetivos.
Eu vou ter que dividir esse texto em duas partes distintas: vai haver a hora em que vou elogiar todos os aspectos do filme (porque todos merecem elogios) e vai haver a hora em que vou criticar os pequenos momentos em que acredito que o filme escorrega, tanto do ponto de vista de quem não conhece a saga quanto de quem conhece. E vou começar com essa parte, para que a leitura, depois, termine mais positiva.
Como conhecedor e grande fã da série, posso apontar algumas diferenças entre filme e livro que afetaram o entendimento da história. É claro que, mesmo dividindo o livro final em duas partes, é impossível colocar todo o conteúdo desse livro em um filme, não apenas por questões de tempo, mas por necessidades e limites de cada mídia. Porém, algumas situações me deixaram pensando se todos realmente entenderam o que houve naquele momento. As pessoas aceitam, obviamente, por se tratar de um mundo fantástico sendo representado, e não fazem por mal, mas sim por não lhe mostrarem a verdadeira resposta.
Um dos problemas que eu percebi, começando com um menor, é que eu não lembro (corrijam-me se eu estiver errado), em nenhum momento da série inteira, de mencionarem que Snape foi o Comensal da Morte que ouviu a metade da profecia de Trelawney sobre o garoto que teria o poder de derrotar o Lorde das Trevas e que foi ele quem contou essa parte a Voldemort. Sendo assim, ele causou a morte de sua própria amada. Acrescentaria muito ao filme se essa pequena informação estivesse presente, daria muito mais complexidade ao já fabuloso personagem que é Severo Snape nos filmes. Não fez falta para se entender a história, mas seria interessante ver isso no filme.
Outra exclusão que me deixou chateado foi toda a história de Dumbledore. O livro A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore está no filme, mas nada dele é explorado. Não é contada a história do jovem e ambicioso Dumbledore, dos seus tempos de Hogwarts e de sua amizade com Grindelwald, com quem pretendia se unir para acharem as Relíquias da Morte e serem muito poderosos, com quem se desentendeu, pois cada um queria seguir seu próprio caminho, e como esse desentendimento levou a um duelo entre eles e Aberforth Dumbledore, onde um feitiço ricocheteado, não sabe-se de quem, matou Ariana Dumbledore, a instável e doente irmã de Alvo. Não há menção de nada disso nos filmes a não ser aparições de Aberforth e do quadro de Ariana. Não se conta que a poção na caverna da Horcrux do final de O Enigma do Príncipe causou tanto sofrimento a Dumbledore porque ela lhe fez rever o dia do terrível acidente, e como ele se sente culpado até hoje. Infelizmente toda essa história genial teve que ser deixada de fora por motivos como tempo e, também, por ser difícil transpor para as telas uma história que, nos livros, é apenas contada. Mas, como disse no texto sobre X-Men: Primeira Classe, o relacionamento de Dumbledore e Grindelwald foi muito parecido com o que foi de Charles Xavier e Erik Lehnsherr, vale a pena ver o filme se você não quiser ler o livro.
Deixando os dois maiores problemas para o fim, outra coisa que me incomodou foi o modo como Harry achava as Horcruxes restantes. Ele simplesmente sentia Voldemort pensar nelas e sabia o que eram, ou sentia elas no lugar em que elas estavam. Achei um jeito muito preguiçoso para corrigir o que não foi contado nos outros filmes em relação à criação dos objetos. Harry está quieto, dá uma dor de cabeça e ele sabe o que fazer. Isso é Felix Felicis e não caça às Horcruxes.
Em relação aos objetos coadjuvantes da história - as Relíquias da Morte - comentarei. Tudo bem com a Pedra da Ressurreição, acredito que seria informação demais dizer que ela é a pedra do anel Horcrux que Dumbledore destruiu. Ela apareceu e todos entenderam. Mas não dizer que a capa de Harry é a Capa da Invisibilidade das Relíquias foi um detalhe que escapou, poderia muito bem estar lá. Como a história nos filmes revolve muito mais em cima do descobrimento e a maravilha da magia (coisa que David Yates ajudou a diminuir e comentarei depois), as coisas geralmente apareciam para que você achasse aquilo muito legal e então elas sumiam. Nos filmes, nunca é mostrado que existem outras capas, e que todas elas são falhas, tirando a de Harry, que sobrevive intacta por séculos. Nesse contexto, seria bem difícil explicar que a de Harry era uma Relíquia. Um detalhe que seria interessante.
Um problema muito grande que encontrei foi o destino da Varinha das Varinhas. Harry simplesmente a quebra, com as mãos, tão fácil quanto um graveto. Não, isso não pode acontecer! Ela é a varinha mais poderosa que existe, não poderia ser tão fácil quebrá-la. No livro, Harry a enterra, muito mais lógico. E pior ainda, a varinha de Harry foi quebrada, e varinhas não podem ser consertadas. No livro, Harry usa todo o poder da Varinha das Varinhas para consertar sua própria, mas no filme ele não faz isso. E então, ele fica sem varinha para sempre? Simplesmente compra outra que não é a que combinava com ele? Esse era um detalhe importantíssimo que acabaram deixando de lado.
E o último problema, tão importante quanto este último, é sobre o limbo onde Harry vai depois de morrer. É uma cena magnífica, mas que faltou um detalhe: Dumbledore não explica que Harry tem a opção de voltar à vida porque Voldemort usou o sangue de Harry para voltar a ter um corpo, o que fez com que somente Voldemort pudesse matá-lo e que ele mantinha um pedaço de Harry em vida (assim como Harry também mantinha um pedaço de Voldemort em vida), portanto ele não poderia realmente morrer. Um detalhe de extrema importância que não poderia ser deixado de fora. Pessoas que não leram os livros e não conhecem a história podem ficar se perguntando o que aconteceu, o que era aquilo tudo e porque Harry realmente não morreu, o que pode gerar especulações diversas e erradas.
Mas, por favor, tudo isso em cima foi apenas o desabafo de uma pessoa que é muito fã da saga. Eu tive que fazer isso. O filme é realmente excelente e vale muito a pena ser visto e revisto e visto novamente. Para tentar me redimir, vou falar sobre todas as qualidades do filme, que é tudo, praticamente.
A começar pela adaptação da história, que conseguiu adaptar brilhantemente às telas do cinema o livro (ou metade do livro) de J.K. Rowling. A história tem seus próprios momentos enquanto se mantém extremamente fiel à história original. A ideia de dividir o filme foi ótima, e permitiu que a história fluísse muito bem. Melhor, por exemplo, que em Harry Potter e o Cálice de Fogo, onde muito teve que ser cortado do filme e pareceu um pouco corrido.
E se juntando a esse roteiro muito competente de Steve Kloves, estão todos os outros aspectos técnicos do filme. A direção de David Yates me agrada desde que ele entrou para a franquia, no quinto filme. Ele adiciona um subtexto político como poucos, e se concentra em personagens ao invés de efeitos. Efeitos que, neste filme, estão soberbos. A magia nunca pareceu tão real, você sente o impacto dos feitiços e fantasia vira realidade. Destaque para o dragão de Gringotes, espetacular. Os efeitos visuais seriam uma de minhas apostas para indicações ao Oscar. Outro fator incrível deste filme e de todos os outros da série, que inclusive concorre frequentemente ao Oscar de Direção de Arte, são os cenários e sets, todos produzidos por Stuart Craig desde o primeiro filme. Desde sempre os cenários e localidades de Harry Potter são excelentes, um dos melhores do cinema atual, e já deveriam ter ganhado um Oscar. Mais coisas que eu gostaria que concorressem é a fotografia do filme, o habitual tom escuro que há desde que Yates assumiu, combinando principalmente com esse final de guerra e perdas. A trilha sonora criada por Alexandre Desplat também é espetacular, e é ótimo ver como ele utiliza, em certos momentos, a Hedwig's Theme, a trilha sonora clássica que John Williams compôs para o primeiro filme, em destaque quando Harry chega a Hogwarts e é recebido com palmas ao som da trilha. E toda essa vontade de indicações é para que Harry Potter finalmente leve um Oscar para casa, coisa que ainda não pudemos ver realizada.
Mas o que seria de um filme sem atores à altura, e isso sempre esteve presente na série. Começando com o trio principal, que evoluíram muito como atores e profissionais. Daniel Radcliffe já carrega Harry nas costas; Rupert Grint cada vez mais tira a imagem de alívio cômico de Rony Weasley, apesar de continuar engraçado; e Emma Watson cria a personalidade de Hermione exatamente como deve ser, a bondosa sabe-tudo. Mas a saga conta com praticamente todo ator inglês que se preze nos créditos. E uma forma de mostrar que Harry Potter é a maior saga do cinema é ver que todos esses atores e atrizes excelentes estão lá para, na maioria das vezes, fazer uma pequena ponta ou participação, mostrando um claro respeito à obra. E a lista é extensa, contando com Gary Oldman, Ciarán Hinds, Maggie Smith, Michal Gambon, David Thewlis, Brendan Gleeson, Jason Isaacs, Helen McCrory, Robbie Coltrane, Emma Thompson, Jim Broadbent, David Bradley, Natalia Tena, Warwick Davis, Kelly MacDonald, Julie Walters, Mark Williams, John Hurt, Bill Nighy, Imelda Staunton e muitos outros atores respeitados, ajudando a compor esse mundo de magia. Além é óbvio, do talento das (ex-)crianças, como Matthew Lewis (que ganha muito mais importância agora), Evanna Lynch, Bonnie Wright, James e Oliver Phelps, Devon Murray, Jessie Cave, Tom Felton, Kate Leung, Clémence Poésy e muito mais.
Tudo isso para prestar o devido respeito a quem construiu os personagens que tanto amamos, mas para reservar um espaço para os destaques. Helena Bonham Carter é simplesmente psicótica fazendo Belatriz Lestrange, e mostra outro lado de sua atuação ao interpretar Hermione transformada nela pela Poção Polissuco com brilhantismo. Ralph Fiennes faz um Voldemort realmente assustador e malévolo, e o fato dele não ter nariz é o menor dos problemas. Mas o grande destaque do filme fica certamente com Alan Rickman, que fez de Severo Snape um personagem impecável desde o começo da história, no primeiro filme. Seu jeito pausado de falar, sua aparência sombria, sua aparente maldade, tudo levou ele a ser, assim como nos livros, o melhor e mais complexo personagem da história. Se não for para levar o Oscar com essa interpretação, ao menos que concorra a Melhor Ator Coadjuvante que já ficarei muito feliz. Não tem como não se emocionar com sua atuação no momento da Penseira, é de cair lágrimas na mais dura das pessoas.
David Yates é um cara que consegue bem transformar a magia em algo comum. Ao vermos alguém lançar um feitiço, não o vemos mais todo colorido, com aquele ar de novidade e de algo fantástico, e sim vemos como se fosse algo do cotidiano, o que realmente é. E os duelos de magia no filme são excelentes, algo nunca visto no cinema antes, uma luta diferente de tudo.
Adorei também sua ideia de estender um pouco mais a luta final. No livro, a conversa entre Harry e Voldemort enquanto lutam funciona muito bem, mas no filme, muito mais visual, cenas desse tipo são mais empolgantes. Gostei, inclusive, da cena em que eles se jogam do abismo, que foi recebida com muito choque e medo pelos fãs ao verem o trailer.
O que me incomoda um pouco é que, às vezes, Yates quer deixar a magia tão comum que perde o foco. No filme, todo Comensal da Morte voa, quando na verdade só Voldemort faz isso, e todos os feitiços se colidem e ficam ligados, quando somente feitiços de varinhas gêmeas fazem isso. É um jeito de tentar mostrar o quão comum a magia é naquele mundo, mas acho que escolheram os exemplos errados. Um detalhe que me chama bastante atenção é os seguranças de Gringotes usarem uniformes de trouxas. Coloque-os em trajes de bruxos e aí sim entenderemos como funciona aquele mundo.
Outro erro que Yates comete é não pesar nas mortes. Quer queira quer não, é um filme, essencialmente, de guerra. Ao não querer criar momentos melodramáticos, ele perde a oportunidade de mostrar mortes importantes com mais carga dramática, sendo que mortes como a de Tonks e Lupin e a de Fred Weasley passam quase despercebidas, ainda mais a do último, que não mostrou a reação que eu esperava principalmente de seu irmão gêmeo. É uma pena, já que houve cenas anteriores às mortes de extrema competência que já preparavam o caminho para o sofrimento, como ao mostrar Tonks e Lupin dando as mãos antes do ataque dos Comensais, e Fred e Jorge conversando antes da batalha.
E mesmo cortando muito e diminuindo bastante o epílogo do filme, que poderia mostrar uns detalhes a mais de nossos queridos personagens, o filme termina de maneira espetacular, com os heróis de nossa história em cena, dando tchau à maior, mais lucrativa e mais sensacional franquia cinematográfica de todos os tempos. Vida longa e próspera a Harry Potter, que ele continue sendo um sucesso de geração em geração, e que nossos filhos e filhas possam ter o prazer de ler e assistir à melhor história que eu conheço. Esse filme fecha uma série de filmes que, juntos, são perfeitos.