sábado, 11 de junho de 2011

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Piratas do Caribe tentando continuar em meio a tantas outras franquias de sucesso. E eles estão apostando tudo em um lugar só: Johnny Depp. Será que ele segura tudo sozinho?


Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, 2011)
Direção: Rob Marshall
A Disney tem o pote de ouro (ou, nesse caso, o baú de tesouros) nas mãos, e não pretende perdê-lo. Para tanto, quer começar a nova trilogia da franquia de sucesso, sem muitas ligações com a anterior. Mas esse é justamente o problema.
Jack Sparrow está atrás da famosa Fonte da Juventude, mas Barbossa, Barbanegra e sua filha Penélope também estão. Em meio à corrida, o caminho de todos se cruzam e conflitos são gerados.
Da trilogia original, somente quatro pessoas voltam para este filme: Johnny Depp (Sparrow), Geoffrey Rush (Barbossa), Kevin McNelly (Gibbs) e Jerry Bruckheimer (não podemos nem contar Keith Richards, já que ele aparece apenas como apareceu no terceiro filme: em uma pequena ponta).
O primeiro e o último são o motivo pelo qual os filmes anteriores foram um sucesso. Johnny Depp criou um dos personagens mais divertidos dos últimos tempos, e Bruckheimer é um produtor que sabe fazer blockbusters. Aliado à direção de Gore Verbinski, eles criaram filmes de ótimo nível. Com a saída do diretor desse quarto filme (para dirigir, até então, a melhor animação do ano, Rango), as coisas perderam um pouco o rumo, com uma história um tanto confusa e sem os personagens que nos acostumamos a ver.
Rob Marshall é um diretor conhecido por seus musicais, tendo dirigido Chicago e Nine, e foi chamado para dirigir Piratas. Não é uma má direção, mas não é a ótima direção que já estávamos acostumados na série. Ele deixou as coisas um pouco confusas, dando muito mais destaque a contar histórias paralelas, apresentar personagens e nos maneirismos de Jack. Mas não o culpo pelo último, é preciso investir no seguro.
A apresentação de personagens ficou bem cansativa. Cada um deles era apresentado em determinado momento, exatamente do mesmo jeito, o clássico de esconder a pessoa na sombra e depois sair. Foi assim para revelar que Barbossa continua na série e não é mais um pirata, foi assim para apresentar Angelica (Penélope Cruz), com uma luta inteira nas sombras, e foi assim com Barbanegra (Ian McShane). E todas essas pessoas estão procurando a Fonte sem nenhum motivo específico que nos seja revelado (ou aprofundado).
Como não temos mais o núcleo amoroso dos primeiros filmes, que era representado por Will e Elizabeth, decidiram colocar alguém para preencher o espaço livre. No lugar entrou um romance forçado entre um padre e uma sereia. O filme toma tempo demais para desenvolver a relação entre os dois, parando mais que o necessário em suas cenas, o que cansa um pouco. A sub-trama poderia, sim, existir, desde que fosse mais bem pensada e não desviasse nosso foco a todo instante.
Porque, afinal, o filme precisa que você esteja bem focado. Não porque a trama é complicada, mas porque ela é um tanto mal explicada. As reviravoltas que acontecem não têm toda a inteligência que tinha nos filmes passados, e parecem existir para imitá-los, apenas.
Mas o humor do filme continua bom. Johnny Depp consegue carregar o filme nas costas, com toda a energia que devota ao seu Jack Sparrow. Desde a primeira cena dele, onde está disfarçado, até sua última, em tom de sarcasmo, ele usa todos seus maneirismos, cara-de-pau e inteligência para nos divertir. Keith Richards, em sua única cena, nos faz rir muito, e o mesmo acontece na revelação de Angelica, em sua primeira cena.
Depp disse que continuaria interpretando Sparrow sempre, desde que quisessem, pois adora o personagem. Também adoro o personagem. E se os filmes continuarem como estão, mesmo com essa queda de qualidade, mas ainda sendo um bom filme, eu continuarei assistindo. Mas eu acredito que uma nova troca de diretores beneficiaria a franquia. E há sempre o medo do dia em que Jack começará a nos enjoar.

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