domingo, 2 de janeiro de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo

Fico muito feliz de este ter sido o primeiro filme que eu vi em 2011 e a primeira crítica aqui no blog também. Bem vindos a 2011, meus caros leitores. Vamos manter a qualidade do ano passado por aqui. Falo como se eu tivesse milhares de leitores e isso aqui tivesse alguma qualidade.


Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. the World, 2010)
Direção: Edgar Wright
Tiro o chapéu para esse filme. Ele mudou o meu modo de ver cinema. Traz uma das propostas mais inovadoras dos últimos tempos e uma história digna de apreciação. Além de referências e homenagens a beça.
Scott Pilgrim é um rapaz que vai conduzindo sua vidinha preciosa. Até que ele conhece Ramona Flowers e se apaixona. Porém, ele descobre que, para ficar com ela, ele deverá derrotar os sete ex-namorados malignos da garota.
Já disse que o filme é espetacular. O seu jeito de contar a história é surpreendente. Ele traz características e faz homenagens a todas as outras áreas do entretenimento: quadrinhos, videogames, música e mais.
Há sempre textos durante o filme que vão te explicar alguma coisa, ou definir um personagem, agindo exatamente como os textos em uma história em quadrinhos. Além das onomatopéias espalhadas por todo o filme, a cada soco ou batida.
Lutas que lembram muito a de animes ou os próprios jogos de luta, com combos, pontos e, no final de cada luta, o adversário se transformando em moedas.
O filme usa uma versão 8-bit, ou seja, aquela dos tempos dos primeiros videogames, do logo da Universal logo no começo, muito bom. Ainda aproveita e usa a própria música da Universal para a apresentação de Lucas Lee, um dos ex-namorados, que é ator.
No meio de tudo isso, há espaço também para homenagear os filmes de Bollywood, durante um musical, e séries de TV, especificamente Seinfeld, em uma cena que imita todo o jogo de câmeras, situações e inclusive risadas de fundo de uma sitcom.
Tudo nesse filme mantém esse estilo sensacional que transforma o filme em um dos mais revolucionários do nosso tempo, introduzindo um mundo no cinema totalmente baseado em outras mídias. Aposto que muita gente pensou que isso não tinha como acontecer.
Os atores são muito naturais em todos os papeis. Michael Cera é Scott Pilgrim, o papel de sua vida, e Mary Elizabeth Winstead é Ramona. E o filme conta com vários atores de peso fazendo ex-namorados malignos, como Chris Evans, Brandon Routh e Jason Schwartzman.
Os efeitos especiais devem ser mencionados, pois tudo no filme é natural, e isso inclui até os letreiros, onomatopéias e desenhos que aparecem na tela, como se realmente pertencessem àquele mundo. Todas as lutas parecem reais, sendo também bem coreografadas e executadas. A edição do filme é algo fora do comum, conferindo o corte certo para que Scott Pilgrim se assemelhe com videogames e quadrinhos.
No campo das referências, espere de tudo: há o famoso locutor de Street Fighter fazendo seu "K.O." ao final das batalhas, sinais de mão como Naruto, coisas na tela tiradas direto dos games, como "Reversal", "x2 Bonus" e o "vs." entre os personagens antes de cada luta, elementos de RPG como subir de nível e as espadas que ele consegue, a "Poder do Amor" e a "Poder do Auto-Respeito", e uma vida extra. Coisa de louco o nível de informação que esse filme passa.
E, ainda, é um filme sobre o amor, sobre a conquista dele, sobre lutar pelo que você quer (no caso, literalmente). Disfarçando tudo isso em um filme com alta carga de nonsense. Por exemplo: Todd Ingram, o terceiro ex do mal, tem poderes psíquicos por ser Vegano, algo mais que um ovo-lacto-vegetariano. Nonsense puro.
Esse filme me conquistou tanto por fazer justamente o que eu acho que deve ser feito no cinema: extrapolar. Você tem em suas mãos uma ferramenta impressionante, que pode dar vazão a toda sua criatividade, criar mundos inteiros, situações inconcebíveis no nosso limitado mundo real. No cinema, pode-se tudo, basta você querer. E Scott Pilgrim veio mostrar que tem gente com coragem para isso, para sair do mesmo, e fazer um filme com pessoas e situações e coisas inimagináveis. Se você tem na mão um criador de mundos, aproveite.
Por tudo isso que eu citei, ele se junta a Mandando Bala e Encantada como os filmes recentes que eu mais admiro e que desafiam as regras para fazer algo que só é possível no cinema. Parabéns a Bryan Lee O'Malley por criar a história em quadrinhos e a Edgar Wright, o diretor, e a todos os envolvidos por esse clássico do cinema moderno e por fazer um mundo tão surreal parecer real aos nossos olhos. Esse filme merecia alguns Oscars, mas isso não deve acontecer, muito infelizmente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário