quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Enrolados

Há tempos que eu não assistia a um filme da cronologia oficial da Disney no cinema. O último que vi foi Lilo & Stitch, em 2002. Ou seja, realmente faz tempo. Tive que consertar isso no 50º filme da Disney.


Enrolados (Tangled, 2010)
Direção: Nathan Greno e Byron Howard
Em uma jogada em que, provavelmente, foi tentado deixar um filme de princesa mais aceitável para os homens, a Disney deixou de lado o nome Rapunzel para colocar Enrolados. E deu mais destaque ao "príncipe" da história. Ela poderia não ter feito isso.
Rapunzel é uma garota que tem cabelos mágicos que podem tornar uma pessoa sempre jovem. Por isso, Gothel a mantém aprisionada em uma torre e finge ser sua mãe. Um dia, Flynn Rider, um ladrão precisando se esconder, escala a torre e a encontra. Então Rapunzel convence Flynn a libertá-la e conhecer o mundo.
Está parecendo que eu não gostei do filme, mas eu gostei muito. Só acho que uma típica história de princesa deveria continuar sendo dela. Ainda mais com uma princesa tão carismática quanto esta. Logo no começo do filme há uma narração de Flynn Rider nos contando que a história não é sobre ele. Mas é sobre os dois, igualmente. Tanto que a narração é dele.
O que me leva a falar sobre os personagens. Rapunzel, como eu já citei, é extremamente carismática, além de ter uma personalidade excelente, sendo meiga, engraçada, preocupada e muito mais. E também acho que é a princesa mais bonita das histórias da Disney (estou dizendo isso de um desenho animado!). Flynn foi concebido, nessa versão mais moderna do conto de fadas dos Irmãos Grimm, como um ladrão gente boa. Ele é um personagem bom, engraçado, mas que às vezes se sobressai um pouco. Acho que foi essa a abordagem para os garotos, fazer o personagem masculino aparecer bastante. Pascal, o camaleão de estimação de Rapunzel, é fofo como a Disney sabe fazer, e Maximus, o cavalo que procura por Flynn, é engraçado e determinado. Gothel faz um personagem que constantemente mente e desanima sua "filha", mas faz tudo isso com um sorriso no rosto e muita cara de pau. Uma vilã bem interessante.
Quanto ao nível da animação, a Disney evolui bastante sua animação computadorizada. Não chega ainda à excelência da Pixar, mas é muito boa. (Note que este não é um filme da Pixar, mas da própria Disney). Agora, um detalhe é realmente esplêndido: o cabelo de Rapunzel é extremamente bem animado, e parece muito real em todos os seus metros de comprimento. Palmas para os animadores.
O filme é bastante engraçado, muito por parte dos animais. Não que os humanos não sejam engraçados. A cena em que Rapunzel foge da torre e fica alternando entre felicidade e culpa é hilária. E o filme consegue fazer chorar também, há vários momentos em que se devem segurar as lágrimas. Ou não.
O veterano e mestre Alan Menken contribui mais uma vez com a Disney criando as músicas e a trilha sonora do filme, dessa vez acompanhado por Glenn Slater. Mais uma leva de músicas memoráveis, que conduzem a história brilhantemente através das partes musicais. Minhas preferidas são "I've Got a Dream" ("Um Sonho Eu Tenho") e a indicada ao Oscar de Melhor Canção Original, "I See The Light" ("Vejo Enfim a Luz Brilhar"). Espero realmente que ganhe.
E, chegando ao final do texto, a tão comentada polêmica de Luciano Huck dublando Flynn Rider. A dublagem é ruim, de fato. Estraga muito o que poderia ter sido um personagem maravilhoso em português. Luciano Huck não tem o menor talento para ator de vozes, e isso fica claro o filme inteiro. Sua voz não combina com o personagem, e todas suas falas parecem estar sendo lidas de um papel. É claro que estão, mas ele deixa isso transparecer. É a mesma entonação com qualquer frase, seja triste, seja alegre, sempre parece que ele está lendo um livro. Coloque isso do lado da dublagem de Rapunzel, feita pela excelente Sylvia Salustti, e você vê a diferença. Sylvia tem uma voz ótima e estudou canto lírico, ela cantando é maravilhoso. Para se ter uma ideia, ainda no mundo da Disney, ela faz Giselle, de Encantada, cantando. Graças a Deus Luciano Huck não canta no filme, é substituído por Raphael Rossato.
Enrolados faz jus por ser o 50º filme da Disney a ser lançado nesses mais de 70 anos de história. Um filme de princesa, assim como seu primeiro filme, Branca de Neve e os Sete Anões, mas com uma abordagem mais moderna, muito adequada e que funciona muito bem. Fãs da Disney, de animações ou de um bom filme, assistam.


Nenhum comentário:

Postar um comentário