quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rebobine, Por Favor

Michel Gondry é um gênio artístico, conhecido pela sua criatividade e truques de câmera. Diretor de diversos clipes geniais para diversos artistas, inclusive The White Stripes e Rolling Stones, e do filme Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, que confesso que ainda não vi, mas me é altamente recomendado. Este novo projeto dele é tão cheio de criatividade quanto seus outros trabalhos.


Rebobine, Por Favor (Be Kind Rewind, 2008)
Direção: Michel Gondry
É um filme diferente. Ele, na realidade, é uma grande homenagem e uma grande brincadeira. Michel Gondry mostra que é uma das pessoas mais criativas que existem.
Danny Glover interpreta Fletcher, o dono de uma locadora de fitas VHS que pode perder o prédio se não conseguir reformá-lo. Então ele faz uma viagem para se encontrar com amigos e ver novos jeitos de ganhar dinheiro. Ele deixa Mike, interpretado por Mos Def, cuidando da locadora. Mas Jerry, vivido por Jack Black, tenta sabotar a usina de força da cidade e acaba magnetizado, e quando entra na locadora, acaba apagando todas as fitas. Para agradar a fiel cliente da loja e não deixar que ela ligue para Fletcher avisando da desgraça, eles começam a fazer, eles mesmos, suas próprias versões dos filmes.
E vê-los regravando os filmes, ou tentando, pelo menos, é muita diversão. Eles contam apenas com uma câmera e o que der para fazer sem recursos. O primeiro que eles tentam é Os Caça-Fantasmas, e a partir daí vemos um fantasma feito com um saco e lanterna verde, efeitos toscos de atravessar paredes e a música-tema sendo cantada errado.
Por incrível que pareça, seus filmes começam a ficar famosos e eles viram celebridades na vizinhança, e a demanda por mais filmes começa. Há até um nome para isso: para explicar a demora do filme chegar e os preços mais caros, eles inventam que os filmes são "suecados", ou seja, vem da Suécia. Então eles partem para regravar clássicos como A Hora do Rush 2, O Rei Leão, RoboCop, King Kong, Os Donos da Rua e muitos outros, com a ajuda do pessoal da cidade. Os métodos que eles usam para criar seus filmes são muito criativos, como usar um ventilador em frente à câmera para simular um filme antigo, usar a "visão noturna" da câmera para criar o efeito de noite (e com uma solução hilária para que seus rostos não fiquem negativos também) e usar uma pizza para simular uma poça de sangue.
Uma coisa interessante é que o diretor e roteirista Michel Gondry não deixou que ninguém revisse os filmes que eles suecariam. Tudo tinha que ser recriado somente a partir do que se lembravam do filme. Então as partes dos filmes que aparecem sendo recriadas são as mais famosas e marcantes. E falando em Gondry, é claro que, além da sua criatividade por trás da história, vemos também seus efeitos de câmera, como na cena em que Jerry e Mike se camuflam de policiais devido a suas roupas se parecerem com o fundo, e na cena de regravação de King Kong, onde Jerry fica bem perto da câmera e parece ser bem grande, agarrando a mulher que está mais longe, parecendo pequena.
Depois de certo tempo, onde todos ajudaram e eles já fizeram vários filmes, é triste ver o pessoal do FBI os acusando de infringir o copyright e o destino das fitas. Mas eles não desistem e resolvem fazer um documentário de Fats Waller, um cantor de jazz que todos alegam que nasceu e cresceu naquele bairro. O final do filme é algo bem diferente, é uma espécie de "ascensão e queda" ao mesmo tempo.
Este é um filme muito bom, onde é explorada a criatividade e é feita uma grande homenagem aos clássicos e ao início do cinema, quando não havia os recursos de hoje em dia. É um filme muito interessante de ser visto.

Gondry sabe como fazer algo e, numa jogada de gênio, sueca o próprio trailer de Rebobine, Por Favor para entrar no clima do filme, e ainda faz tudo sozinho. Clique para ver o trailer original do filme e o trailer suecado por Gondry.

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