quarta-feira, 9 de maio de 2012

Reflexões de Ônibus

Eu raramente ando de ônibus. Vou a pé de casa para a faculdade/estágio e volto a pé também. Não que seja perto, meia hora de caminhada é considerável. Mas reflexões desse período não cabem aqui.

Ando de ônibus somente quando preciso levar algo pesado, ou quando já está muito de noite para eu me arriscar no meu bairro não tão pacífico assim, ou quando preciso ir a algum lugar que não seja minha casa e/ou faculdade.

No caso da inspiração desse post, o terceiro cenário.

Tanto minha viagem de ônibus quanto a pé contam com um elemento em comum: meu celular e fone de ouvido. Vou sempre ouvindo músicas e podcasts no caminho, para não ficar meia hora ou mais ouvindo o som do vento. Afinal, vovó já dizia: "mente vazia, oficina do capeta".
Mas durante as caminhadas, eu ainda me preocupo, além de ouvir o som do fone, em caminhar, olhar para os dois lados da rua, desviar de pessoas, objetos e afins. No ônibus, não. Tenho que apenas esperar. E esperar. Sentado. Bem, no máximo, de pé tentando me equilibrar.

Nesse momento, olhando para a janela, vendo a paisagem passar, é que o som do fone vai se esvaindo e a minha vida aparece ali fora da janela, passando. Começa com o que acabou de acontecer, na saída. Depois o que aconteceu de manhã, aí se estende pelas semanas, meses, e voltamos à época do colegial, do fundamental, a ser criança...

A cada parada do ônibus - aliás, que trânsito! Se eu estava com a mente vazia e o capeta com sua oficina, o  trânsito tava um inferno - é como se eu tivesse que congelar aquele instante da minha vida para analisá-lo melhor. Será que tomei a decisão certa? Porque não fui mais corajoso aqui? Se eu tivesse seguido o outro caminho, teria sido melhor ou pior?

Dúvidas, dúvidas, dúvidas... ninguém pode mudar o passado (e eu nem gostaria, já assisti filmes de ficção científica demais sobre o assunto). Mas realmente não gostaria de mudar meu passado, porque ele me fez o que eu sou hoje. Gosto de mim no alto da minha imperfeição, da eventual falta de comprometimento, do pão-durismo, do egocentrismo (agora está explicado, né?). Mas também gosto muito de mim na parte da lealdade, bom humor, criatividade e responsabilidade (ao menos, no que eu assumo).

Me faltou coragem em vários momentos da minha vida? (Eu disse vários? Leia-se "quase todos"). Sim, faltou. Algum dia eu a terei? Não sei dizer. Para alguns assuntos, posso dizer que sim, terei. Para outros, a sombra incógnita paira sobre minha cabeça. Talvez eu nunca me recupere de coisas do passado, mas não deixo elas me piorarem. Só me limitarem. Por enquanto.

Quando desci no meu ponto, voltei ao presente, a quem eu sou. Havia pouca luz no céu, estava em um ambiente perigoso (meu bairro, lembram-se?) e tinha uma missão para cumprir (comprar pão para minha mãe). Isso resume bem quem sou no momento. Ah sim, claro, estava de mochila, onde carrego minha bagagem de tudo que possa me ajudar nessa viagem: amigos, família, o bom humor e a comédia (elas já salvaram minha vida, mas isso é tema para outro post), situações onde sei que fiz as escolhas certas e muito mais.
Sempre com meu fone de ouvido, que aqui, nesse final emocionante, não representou metáfora alguma! Nem tudo é perfeito.

E para quem esperava um texto curto e engraçado de minha parte (quem me conhece poderia, de fato, esperar que eu tentasse fazer isso), pode ter se decepcionado. Mas não desista de mim. Eu aprendo!

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