quinta-feira, 29 de março de 2012

Post Parte 2 - Por Quê?

Você já deve ter assistido a um filme sensacional, daqueles que, quando chega ao final, você aplaude, levanta, bota a mão no coração e recita o hino nacional. E possivelmente, no meio dessa confusão toda, você profere "nossa, deveria ter uma continuação".

Já se perguntou se isso é a melhor opção? Às vezes, a perfeição (ou quase isso) de um filme reside no fato de que a história foi contada do jeito que foi planejada: com um início, meio e fim. O arco do personagem está completo, ele realizou a sua missão (sentido figurado aqui, tá) e o filme terminou onde deveria.

Estender (ou tentar) essa história geralmente vai gerar situações desagradáveis, furos de roteiro, falha de caráter do personagem e, o que pode ter sido um filme extremamente original vai virar um filme clichê.

A maior culpada (mas não a única) por estes fiascos são as produtoras. Elas são empresas, elas vendem entretenimento, vendem filmes. Na visão delas existe um fator importante: dinheiro. O filme fez sucesso, sinal verde para uma continuação. E se o diretor, roteirista ou seja lá quem argumentar contra, existem muitos outros deles por aí só esperando para trabalhar.

Nunca pense que estou generalizando o assunto. Existem continuações excelentes, que até superam o original em qualidade. A diferença é que essas produções foram pensadas. Alguém sentou e perguntou: "e aí, como a história desse personagem continua, como essa ação do primeiro filme pode gerar um segundo?". Às vezes, o próximo filme já é pensado junto com o primeiro, fazendo com que haja ligação e até a mesma qualidade técnica entre os dois.

Mas precisamos de exemplos, óbvio. Vai dizer que você nunca estava zapeando pela TV até que se deparou com um filme conhecido e, quando você nota, há o número 2 do lado, seguido de um subtítulo genérico (ou não).

Pegue de exemplo Marley & Eu. Em minha opinião, um ótimo filme, de fazer chorar. Você acompanha o casal (mais especificamente o marido, interpretado pelo Owen Wilson) comprar um cãozinho do inferno e cada lado ter que aprender a conviver com isso, até que tanto cão quanto dono evoluem e se amam e... o final já é falar demais, né?

Pois então. Fez muito sucesso, agraciado pelo público e pela crítica, deu muito dinheiro... opa, é o que o estúdio queria. Nem o diretor nem o autor são muito influentes (assim como Christopher Nolan o é, e tem total controle da franquia Batman no momento), então, já que o estúdio tem os direitos, chama alguém aí pra escrever qualquer coisa com o cãozinho fofinho que conquistou milhões de pessoas. E aí temos isso:


Alguém me explica o que é isso??? De verdade, que atrocidade foi cometida com tão belo e encantador filme? Não só com o filme, mas com a marca.

O Marley fala! Mas que merda é essa? Ele peida, ele arrota! Ele causa confusões (in)dignas de Sessão da Tarde! Pegaram um filme adorado e jogaram um roteiro qualquer, sem lógica, sem charme, sem graça. Transformaram um drama com pitadas de humor em uma comédia pastelão com cara de péssimas escolhas.

Desabafei um pouco agora. O motivo de eu ter pensado em escrever esse post (e ter o feito agora) foi esse trailer. Causou revolta.

Mas tem muitos outros filmes em que a arte não é respeitada. Um exemplo é a Disney. Ela faz clássicos do cinema, daqueles que seus netos assistirão e ainda se deslumbrarão: O Rei Leão, A Pequena Sereia, A Bela Adormecida, Cinderela, A Bela e a Fera, Tarzan... a lista vai longe.

Mas a própria Disney tinha, até pouco tempo atrás, um departamento de home video que tinha como objetivo estragar esses clássicos com sequências desnecessárias. Todos os filmes que eu citei aí em cima possuem pelo menos uma continuação lançada diretamente para DVD. Sem o mesmo glamour das obras mágicas daquelas que vemos no cinema. Filmes com história desinteressante. Ainda bem que, quando a Disney comprou a Pixar e John Lasseter assumiu a diretoria de animação da Disney também, ele mandou acabar com essas produções caça-níqueis.

Outros filmes de sucesso poderiam ter sofrido o mesmo, se não fosse o envolvimento dos mesmos profissionais, que decidiram pensar em uma continuação plausível. O Poderoso Chefão fez sucesso, decidiram fazer outro, mas a diferença é que Francis Ford Coppola quis fazer outro. De Volta Para o Futuro é outro que poderia ter se dado mal. Aquele final do primeiro filme não foi feito pensando em uma continuação, era uma piada apenas. O estúdio pediu outro e ele assumiu a responsabilidade. Tanto que, por causa da Jennifer no DeLorean no final do primeiro filme, tiveram que criar um baita furo de roteiro para o segundo (ela desacordada o filme inteiro), mas que é compensado com um roteiro fabuloso.

Acho que já falei demais, mas só deixo para citar aqui um último exemplo: O Exterminador do Futuro. Primeiro e segundo filmes feitos por James Cameron, que considerou que a história estava encerrada. Depois de 12 anos, quebram as leis internas do mundo do filme, criam uma desculpa e, opa, um terceiro filme nasce.

Já dizia alguém que eu estou com preguiça de pesquisar: menos é mais. Não é porque aquele filme é incrível que você precisa mais dele. Ele provavelmente é bom porque fecha de uma forma muito boa. Se alguém tentar arrastar isso por mais uma hora e meia, é grande a probabilidade de se perder a genialidade e cair no mau gosto e no clichê.

Sequências desnecessárias, a palavra diz tudo. Abaixo elas!


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