quinta-feira, 7 de abril de 2011

VIPs

Esse filme demorou um pouco para estrear, pelo o que parece. O IMDb lista ele como sendo de 2010, e já tem até cartaz em inglês, mas ele só veio aos nossos cinemas em 2011. Ele deve ter passado um tempo em festivais até decidirem que seria viável lançá-lo.


VIPs (2010/2011)
Direção: Toniko Melo
Primeiro filme de Toniko Melo, sua estreia no cinema, e fez um filme bem competente, bem construído e que tem, entre os produtores, Fernando Meirelles, e entre os roteiristas, Bráulio Mantovani, de sucessos como os dois Tropa de Elite. Além de Wagner Moura, o grande trunfo de tudo
Wagner Moura é Marcelo, um rapaz com o sonho de pilotar aviões. Ao descobrir que consegue fingir ser outra pessoa muito bem, ele passa a assumir diversas personalidades para conseguir o que quer e fugir de sua própria vida.
A história real de Marcelo Nascimento é retratada de uma forma boa no filme, mostrando sua personalidade falha que levou a mudança na sua vida, literalmente, assumindo vários personagens.
Andaram comparando muito o filme com Prenda-me Se For Capaz. Discordo. Claro que uma pessoa assumindo vários papeis é algo em comum entre os dois, mas não há ninguém perseguindo ele. A história é toda dele, suas próprias ações movem a história.
O interessante, também, que diferencia do filme ao qual ele é comparado, é a personalidade de Marcelo. Ele não quer ser bandido e nem cometer crimes, ele só quer seguir seu sonho de pilotar aviões, e não percebe as consequências do que faz. Aliás, ele parece não saber de mais nada após virar outra pessoa, ele começa a agir como se fosse quem ele interpreta e se recusa a voltar à sua personalidade de Marcelo. O filme não esclarece essa história, acho que justamente para tirarmos nossas próprias conclusões. Afinal, ele é só um aproveitador ou tem algo mais dramático nesse seu jeito de ser?
E esse personagem só funciona tão bem assim, é tão verossímil, graças a atuação de Wagner Moura. Um ótimo ator que assume, no começo, a timidez e a introspectividade de Marcelo muito bem, e que muda à medida que ele vira outra pessoa, chegando a realmente se tornar outra pessoa, como o filme sugere. A alma desse filme é o ator principal, se ele não fosse tão dedicado e bom, o filme provavelmente não funcionaria. Outro ator, menos bom, teria exagerado nas outras personalidades, transformado o personagem em uma caricatura.
E falando nelas, o Marcelo real teve 16 identidades diferentes. Muitas para um longa-metragem de duração comum de 95 minutos. Então resolveram focar nas prioridades que o roteiro exigia, o que reduz o número para 2 (tirando a sua própria, na adolescência), ou 3, vendo por um outro lado narrativo.
São elas: a primeira usada, Carrera, que é sua entrada no mundo do tráfico como piloto de carga, que mostra sua dedicação a se tornar piloto igual ao pai, não importando os meios. A segunda seria o que ele se torna depois de muito tempo no tráfico (afinal, seu cabelo muda, indicando as transições de personalidade). E a terceira é a mais famosa de todas, que repercutiu demais na mídia na época. Assumiu o papel de Henrique Constantino, "filho do dono da Gol", a companhia aérea, onde foi tão audacioso que chegou a enganar o apresentador Amaury Jr., concedendo uma entrevista a ele como Constantino. E uma coisa legal de se ver é o próprio Amaury Jr., que atua no filme como ele mesmo, reconstruindo a entrevista na qual foi enganado, demonstrando bom humor.
Com um final que conclui esse arco do homem que perseguiu seu sonho, conquistou e quis mais, o final foi satisfatório ao admitir que a história real não foi só essa mostrada no filme e que, ao meu ver, deixa uma possibilidade aberta para uma continuação com mais personagens seus.
Se tudo for feito tão bem quanto nesse filme, com Wagner Moura retornando e com uma história que faça sentido à história real, que adicione a ela e não apenas a copie, eu adoraria ver Marcelo e suas incríveis enganações mais uma vez.

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